
A partir da próxima semana, os medicamentos poderão ficar até 5,06% mais caros no país. É esperada para segunda-feira (31) a publicação de resolução que permite reajustes nos preços dos produtos. O percentual citado ainda não é oficial, mas é o estimado pelo mercado. Às vésperas desse aumento, que é anual, alguns consumidores costumam se perguntar se devem ou não correr para fazer estoques de remédios a fim de tentar economizar antes da correção.
Especialistas e integrantes do setor ouvidos pela reportagem indicam que a população precisa avaliar suas reais necessidades e pesquisar antes de realizar esse movimento, para evitar desperdícios ou gastos desnecessários.
O índice de reajuste ainda não foi informado oficialmente pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que deve ocorrer na segunda-feira.
No entanto, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) calcula que o reajuste anual deve variar de 2,60% a 5,06%, com um reajuste médio ponderado de 3,48%. Ou seja, o teto ficaria em 5,06% — acima do valor do ano passado (4,50%), mas no mesmo patamar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses fechados em fevereiro (5,06%).
Esse reajuste é aplicado sobre os medicamentos com preços regulados no país. O Sindusfarma afirma que a alteração anual não se aplica aos medicamentos isentos de prescrição, que estão fora do controle de preços. Entram neste rol alguns analgésicos, antiácidos, antigripais e descongestionantes, por exemplo.
A resolução esperada para segunda-feira traz o índice autorizando o reajuste. A Anvisa explica que, para que a correção nos valores ocorra de fato, cada fabricante precisa solicitar o percentual de aumento, podendo pedir até o teto definido. A mudança na tabela só poderá ser aplicada após o fabricante definir o novo preço e informar a CMED, segundo a Anvisa.
Todos os medicamentos ficarão mais caros ao mesmo tempo?
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado (Sinprofar), Leomar Rehbein, avalia que nem todas as farmácias deverão aumentar os preços logo na virada do mês. Ele destaca o fato de a medida não ser automática e de existir concorrência e diferentes perfis de empresas do varejo:
— O reajuste não é automático. Ou seja, não significa que todos os medicamentos estarão com os preços elevados a partir do dia 1º de abril. Cada farmácia age, digamos assim, ao seu bel-prazer. De repente, alguns têm ainda estoque, têm quantias mais elevadas e trabalham ainda com o valor menor.
Nesse sentido, Rehbein reforça que a formação de preços e a efetivação ou não do aumento varia de acordo com a estratégia de cada empresa.
Wendy Haddad Carraro, educadora financeira e professora do curso de Ciências Contábeis da UFRGS, também destaca que a divulgação do índice não significa que todos os medicamentos terão aumento máximo. Nesse caso, é ainda mais importante pesquisar.
— Nem todas as farmácias aplicam o aumento imediatamente. Por isso, é possível que alguns estabelecimentos mantenham os preços anteriores por um período. É importante acompanhar o preço. Isso é fundamental para saber identificar estas oportunidades e fazer economia — comenta Wendy.
Avaliar compras por estoque
Como é normal em períodos pré-reajuste de preços, parte dos consumidores costuma renovar os estoques em busca de valores ainda com a tabela antiga. No entanto, especialistas afirmam que o cliente precisa analisar a real necessidade de comprar remédios em maior quantidade. Em alguns casos, a compra em demasia de um produto com prazo de validade curto pode gerar custos desnecessários e desperdício.
— A pessoa precisa avaliar a necessidade dela, a regularidade, por exemplo, de consumo daquele medicamento, a validade. Tem que ver as opções que ela tem no mercado de acordo com a orientação médica — pontua Lisiane Fonseca da Silva, economista e professora da Universidade Feevale.
Dicas para economizar na compra de medicamentos
- Se você utiliza medicamentos de uso contínuo, adquirir uma quantidade maior antes do reajuste pode garantir economia. Mas fique atento à data de validade para evitar desperdícios.
- Optar por genéricos, que são versões mais acessíveis e com eficácia comprovada, pode ser uma opção para organizar o orçamento.
- Procure programas de fidelidade e descontos. Algumas farmácias oferecem benefícios para clientes cadastrados, como descontos em compras futuras e condições diferenciadas.
- Compare preços entre as farmácias, porque os valores dos medicamentos podem variar entre os locais de compra.
- Fonte: Wendy Haddad Carraro, educadora financeira e professora do curso de Ciências Contábeis da UFRGS