Ao menos oito pacientes precisaram retirar o globo ocular por complicações após um mutirão de cirurgias de catarata no município de Parelhas, no Rio Grande do Norte, a 245 quilômetros de Natal. Os procedimentos foram feitos no mês passado e a informação confirmada pela secretaria de Saúde local na terça-feira (15).
O mutirão ocorreu na Maternidade Dr. Graciliano Lordão. Ao todo, 48 pacientes passaram por cirurgia nos dias 27 e 28 de setembro. Das 20 pessoas atendidas no primeiro dia, 15 apresentaram sintomas de endoftalmite, infecção ocular causada pela bactéria Enterobacter cloacae. As informações são do g1.
O município abriu um inquérito civil público para apurar o que aconteceu e ouvir os envolvidos. Nesta quarta-feira (16), representantes da Oculare Oftalmologia Avançada LTDA, empresa que foi contratada pela prefeitura e realizou as cirurgias, devem ser ouvidos.
Em nota enviada ao g1, a empresa afirmou que o mutirão foi realizado por um profissional experiente e que seguiu todos os protocolos exigidos. Além disso, alega que, assim que os primeiros casos começaram a surgir, todos os pacientes que fizeram o procedimento foram reavaliados. A Oculare também diz ter tomado as medidas necessárias para dar início imediato ao tratamento e disponibilizar serviço médico especializado em tempo integral.
"Os pacientes afetados estão recebendo toda a assistência médica, incluindo tratamento com antibióticos, conforme os melhores protocolos oftalmológicos, bem como submissão à realização de vitrectomia nos casos indicados", diz a nota.
Complicações
A filha de uma paciente com mais de 80 anos, que preferiu não ser identificada, relatou que os primeiros sintomas da mãe surgiram ainda no dia seguinte ao procedimento, no sábado (28). Mesmo com secreções saindo do olho direito, segundo a família, a equipe médica não teria falado nada sobre complicações no retorno da paciente.
Na terça-feira, a família levou a mãe de volta ao hospital e encontrou outros pacientes na mesma situação. A idosa foi internada no mesmo dia, recebeu antibióticos e ganhou alta no domingo seguinte (6).
Mesmo assim, as filhas decidiram levar a idosa à Natal dois dias depois, onde ela recebeu o diagnóstico de que precisaria retirar o globo ocular. Segundo a filha, médicos de dois hospitais na capital potiguar alertaram para o risco da infecção evoluir e levar à morte.
— Diante de tudo que passamos, estamos mais aliviados, porque ela deixou de sofrer e, na medida do possível, vem se recuperando bem — contou a filha ao g1.