O mundo alcançou o patamar de um bilhão de pessoas obesas. De acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (29) na revista científica Lancet, mais de 879 milhões de adultos e 159 milhões de crianças e adolescentes viviam com obesidade em 2022. A pesquisa analisou informações de 3,6 mil estudos de base populacional com 222 milhões de participantes.
Em 1990, os números eram consideravelmente mais baixos. O paralelo traçado pelo estudo mostra que, há três décadas, o número de pessoas afetadas pela obesidade no mundo era de 195 milhões de adultos e 31 milhões de jovens, totalizando pouco mais de 226 milhões de pessoas. Em relação a 2022, houve um aumento de quase 342%.
Segundo a análise, os países com maior número absoluto de adultos com obesidade em 2022 foram os Estados Unidos, a China e a Índia. Além disso, os resultados mostraram que a condição é mais prevalente em mulheres adultas do que homens. Já entre os menores de 17 anos, meninos são mais afetados do que meninas.
A pesquisa, realizada pela Colaboração de Fator de Risco de Doenças Não Transmissíveis (NCD) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), envolveu mais de 220 milhões de indivíduos com cinco anos ou mais, abrangendo 190 países ao longo de três décadas. O estudo, que contou com a contribuição de mais de 1,5 mil especialistas, focou na relação entre peso e altura para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC).
O IMC é a referência que os médicos usam para classificar se uma pessoa tem ou não a doença. De modo geral (há particularidades envolvendo a idade e diferenças se é homem ou mulher), o cálculo divide o peso da pessoa pela altura ao quadrado.
Quando o IMC é igual ou acima de 30, se considera obesidade, que pode ser de grau 1 (IMC entre 30 e 34,9), 2 (IMC entre 35,0 e 39,9) ou 3 (IMC maior do que 40,0). Um IMC entre 25 e 29,9 significa sobrepeso, que é uma espécie de pré-obesidade. Quanto mais elevado, maior a chance de aparecerem outras doenças, que são as comorbidades.
Ao focar em crianças e adolescentes, os dados também são alarmantes. De 1990 a 2022, os índices de obesidade cresceram quatro vezes nessa parcela da população. Em 2022, 159 milhões de crianças e adolescentes eram obesos - 303% a mais do que em 1990.
Combate à obesidade
A obesidade é considerada uma doença crônica e um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. De acordo com Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), esse quadro reduz a qualidade de vida do indivíduo, além de predispor a uma série de outras doenças, como problemas cardiovasculares, diabetes do tipo 2, asma, gordura no fígado e até alguns tipos de câncer.
Em comunicado, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, afirmou que as metas globais de contenção da obesidade exigem trabalho de governos e comunidades, apoiados por políticas baseadas em evidências da OMS e de agências nacionais de saúde pública, além de uma cooperação do setor privado, responsável pelo impacto que seus produtos causam à saúde.
— Esse novo estudo destaca a importância de prevenir e gerenciar a obesidade desde a primeira infância até a idade adulta, através da alimentação, atividade física e cuidados adequados, conforme necessário — completou.