A pressão cada vez maior de entidades empresariais e a enxurrada de recursos a cada novo mapa das bandeiras de risco leva o governador Eduardo Leite a discutir mudanças no sistema de distanciamento controlado. Em reunião com entidades de prefeitos no final da tarde desta terça-feira (21), Leite cogitou mudanças no modelo e a concessão de mais autonomia aos municípios. Um novo encontro irá ocorrer na próxima semana, para estabelecer os parâmetros de eventuais modificações no regramento.
A reunião foi convocada na segunda-feira, tão logo veio a público o desejo de o governo do Estado modular as responsabilidades sobre o efetivo cumprimentos das regras previstas na legislação. Em telefonema ao Palácio Piratini, o novo presidente da Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs), o prefeito de Taquari, Maneco Hassen (PT) pediu para conversar com Leite a respeito. Segundo Leite, a discussão visa compartilhar responsabilidades e angariar mais engajamento local no cumprimento das restrições previstas em cada bandeira. Diante de Hassen e dos representantes das associações regionais, o governador alertou para o agravamento da pandemia no Estado.
Ao lado de secretários e do líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes (PP), Leite argumentou que não pretende terceirizar responsabilidades, mas de dividir as atribuições. Para o tucano, a gestão colegiada do sistema permite ajustes nos protocolos com participação dos prefeitos.
A reunião mostrou uma mudança de comportamento dos gestores. No início da quarentena, quando o governador deu autonomia aos prefeitos para criarem seus próprios modelos de isolamento, a Famurs reclamou do que considerava omissão do Piratini. Implantado o sistema de bandeiras, os municípios agora querem maior autonomia diante das cobranças locais e da necessidade de evitar litígios em função da campanha eleitoral.
Durante a reunião, a maioria das manifestações foi pedindo maior participação na tomada de decisões. Todavia, os prefeitos não querem liberdade total para definição dos critérios da quarentena.
Há ainda reclamações ante os sucessivos recuos a cada rodada de julgamentos das bandeiras pelo gabinete de crise. Segundo o presidente da Famurs, os pedidos de reconsideração eram um instrumento positivo no início, mas agora acabam confundindo ainda mais a população. Na última segunda-feira, nada menos do que 10 das 18 regiões que estavam sob bandeira vermelha voltaram para laranja após consentimento do Estado.
Para Hassen, os recursos acabam atrapalhando a compreensão da sociedade, à medida que a região surge sob risco alto na sexta-feira e três dias depois retorna a uma condição supostamente mais tranquila com uma bandeira mais amena.
— O recurso se tornou fator de desestabilização e dúvida na sociedade e nos prefeitos. Não dá para termos uma guerra de bandeiras a cada semana, passando uma mensagem confusa para a população. Há uma necessidade de ajustes no decreto, no mínimo para que a gente tenha uma posição unificada — pontua.