
Em um contexto mundial e local marcado pelos efeitos do clima no campo e na cidade, a abertura da competição de startups do South Summit Brasil 2025, na manhã desta quarta-feira (9), teve como destaque a apresentação de soluções para ganhos em sustentabilidade e prevenção climática.
Na categoria Sustainability & Climate Tech (Sustentabilidade e Tecnologia Climática), empresas destacaram ferramentas que vão desde purificação e reutilização de água e uso de inteligência artificial para detectar incêndios até soluções para controle inteligente do nível das águas e uso da saúde das plantas para produção mais eficiente. A disputa ocorreu na arena The Next Big Thing.
Com instrumentos baseados em tecnologia para purificação e reutilização de água, a Ainwater, do Chile, destacou soluções para tratamento de efluentes industriais e domésticos. Marcos Pérez, CTO da Ainwater, afirma que a empresa aproveita o poder dos dados, usando inteligência artificial e aprendizado de máquina, para construir uma gestão eficiente do tratamento de resíduos. Com isso, o serviço vai reduzir os custos com energia e produtos químicos e o tempo de operação e engenharia.
— Implementamos um processo de três etapas para aplicar essa tecnologia de água nas estações de tratamento de resíduos. A primeira parte é o sistema de integração de dados de diagnóstico. A segunda é a configuração da IA e do aprendizado de máquina para atender aos requisitos da planta. E a parte final é a operação das estações. Temos uma solução única que implementa tratamentos biológicos e modelos de linguagem para melhorar as operações — explicou Pérez.
Foco em prevenção
Na enchente de 2024, Porto Alegre ficou sem precisão na medição do nível do Guaíba por alguns dias em razão da régua que ficava em parte do estuário ter sido levada pela força da água no ápice da tragédia climática que invadiu as ruas da cidade. Nesse contexto, a startup gaúcha TideSat apresentou uma solução baseada em um sensor capaz de medir os níveis da água a distância. O serviço conta com um equipamento que fica protegido da água, evitando que seja arrastado ou danificado, como aconteceu no Estado no ano passado. Vitor Hugo Almeida Junior, Cofundador e COO da TideSat, destacou os pontos principais desse sistema:
— Isso é possível porque utilizamos reflexão de sinal GPS na água para medi-la, mantendo o sensor longe da água e permitindo operação mesmo durante eventos extremos. Nossa solução completa começa com o envio do sensor ao usuário.

Além do avanço das águas em um ambiente com precipitações cada vez mais volumosas, outro sintoma das mudanças climáticas é o fogo que afeta o agronegócio e as cidades. A startup brasileira Umgrauemeio destacou sua plataforma baseada em dados e inteligência artificial para detectar e minimizar danos causados por incêndios florestais e em plantações. Osmar Bambini cofundador e CIO da Umgrauemeio, pontuou as vantagens da solução apresentada pela companhia:
— Temos como resultado uma redução de 80% no tempo de resposta em incêndios em florestas e 90% de redução de perdas em reservas naturais.
Já a Microendo, do México, apresentou solução que visa aumentar o cuidado com a saúde das plantas para maximizar a produção agrícola, com foco em mais sustentabilidade e consumo consciente. Baseado na interação entre plantas e microrganismos, esse processo é possível, segundo o CEO da Microendo, Cristóbal Fonseca:
— Estamos preparados para restaurar as microalgas das plantas, reduzir a fertilização química em 70% e aumentar a produtividade em 30%. E tudo isso usando a microbiota da planta, aproveitando o poder de milhares de anos de interação entre plantas e microrganismos.
Também participaram do evento as startups BioUs (Brasil), especializada em transformar resíduos do agronegócio em biopolímeros, Pewman Innovation (Chile), que destaca soluções para recursos hídricos, Atacama Biomaterials (Chile), focada em materiais renováveis, BIOEUTECTICS (EUA), que desenvolve solventes verdes com base em tecnologia, Ravelware Technology (Indonésia), que produz soluções tecnológicas para monitoramento ambiental, e Sede Matriz (Argentina), que desenvolve projetos de arquitetura sustentável, integrando tecnologias verdes e design inovador para criar espaços ecoeficientes.

A competição
Nessa primeira etapa, as 50 startups finalistas, divididas em cinco categorias, apresentam seus negócios em uma apresentação curta, chamada de pitch, para uma banca de jurados e para uma plateia na arena The Next Big Thing. Os negócios foram distribuídos em cinco grupos: Enterprise, Digital & Tech Solutions, Health, Industry 5.0 e Sustainability & Climate Tech. Após o fim dessa etapa, existe um pitch final com uma nova seleção entre as mais destacadas. Já as cinco ganhadoras devem ser conhecidas no fim do evento, nas categorias de Melhor Equipe, Mais Escalável, Mais Disruptiva, Mais Sustentável e Winner Global.
O Grupo RBS é parceiro do South Summit Brazil, como strategic media partner.