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Marcada pelo calorão e os desafios que uma pessoa com deficiência (PCD) enfrenta diariamente, a rotina do vendedor Kleber Oliveira Rodrigues, de 21 anos, tem sido marcada por um aumento das dificuldades. Residindo no limite de Viamão com Porto Alegre, o comerciante depende das linhas viamonenses para se deslocar até o Centro Histórico ou até a Avenida Bento Gonçalves, na zona leste da Capital, para realizar suas vendas.
Além da dificuldade com a locomoção, relatada por ele em razão dos problemas nas rampas dos ônibus de Viamão, a falta de ar-condicionado na frota é rotineira. Com isso, as viagens entre os municípios, conforme ele, tornam-se impraticáveis:
— A gente já tem uma vida difícil. Quando não é o descaso e a falta de ar-condicionado, falta rampa. Agora, aumentou a passagem e eles não melhoraram em nada os ônibus. Eles cobram, mas se cobrarmos as empresas, eles não dão bola para o povo. Aí o ônibus vira um forno — conta.
Dos 840 ônibus urbanos utilizados por empresas do transporte metropolitano, apenas 135 possuem ar-condicionado. O número representa 16%. O levantamento foi divulgado pela Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) e é referente a linhas de municípios como Alvorada, Canoas, Gravataí, Nova Santa Rita, Cachoeirinha e Viamão. Também há a inclusão de viagens para Serra, Sul e Litoral Norte.
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A reportagem de Zero Hora esteve, nesta segunda-feira (10), no terminal Conceição, onde identificou 32 ônibus da empresa Soul e apenas cinco com o aparelho. Em outro ponto, no terminal de ônibus de Viamão, entre as ruas Voluntários da Pátria e Coronel Vicente, dos 13 ônibus vistoriados, apenas quatro possuíam o sistema. Nenhum deles era das linhas comuns.
Iara Gonçalves, 62 anos, utiliza de segunda a sexta-feira a linha Salomé, de Alvorada, para fazer os seus deslocamentos entre casa e trabalho, na Capital. Agravada pelo calor intenso das últimas semanas, as viagens, que em alguns casos duram mais de uma hora e vinte minutos, são marcadas por um único ponto em comum: a falta de ar-condicionado:
— Tem que suportar esse calorão. É todo dia sem ar, quando não falta ônibus. E ainda subiu o valor da passagem — lamenta Iara.
Um decreto estadual, de 1998, diz que não existe obrigatoriedade de ar-condicionado nos ônibus comuns do sistema metropolitano. Os ônibus comuns são aqueles que dispõem de bancos duros, do tipo que circulam dentro das cidades, também conhecidos popularmente como “pinga-pinga”.
O único caso em que há obrigação é nas linhas seletivas, considerados modelos mais confortáveis para o transporte, e que oferecem, por exemplo, o serviço de Wi-Fi dentro do ônibus. Ainda segundo a Metroplan, além das linhas seletivas, toda a frota especial possui o sistema de ar-condicionado, mesmo sem a obrigatoriedade. Estes são os chamados ônibus semi-diretos ou executivos. Conforme a Fundação Metropolitana, umas das justificativas é para evitar alteração no valor da tarifa.
Procurada, a Associação dos Transportadores Metropolitanos (ATM) disse que cerca de 40% da frota das empresas vinculadas possui aparelhos de ar-condicionado, sendo a maioria de linhas executivas. Ao todo, são 1.046 ônibus de companhias associadas, sendo aproximadamente 400 com o aparelho.
A associação atende a pelo menos uma empresa de municípios como Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia, Esteio, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Viamão, Alvorada, Eldorado e Guaíba.
O que diz a ATM
"Apesar de no sistema de transporte intermunicipal metropolitano não haver legislação obrigando o uso de ar-condicionado, o último levantamento indicou que cerca de 40% dos 1.046 ônibus das empresas associadas à ATM possuem o equipamento.
Ou seja, mais de 400 veículos circulam com ar-condicionado, sendo a grande maioria veículos das linhas executivas.
A implementação de uma política permanente de subsídio, a exemplo de outros estados e diversas cidades, poderia ser uma alternativa para contribuir para a qualificação da frota com a presença do equipamento em mais veículos."