Prometida para começar a operar ainda em 2025, a roda-gigante do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho depende do interesse de investidores para sair do papel. Uma empresa parceira da concessionária GAM3 Parks, que administra o espaço, busca outros interessados para viabilizar a construção do equipamento, que terá 66 metros de altura. O investimento necessário para erguê-lo é de R$ 60 milhões.
A instalação da roda-gigante não estava prevista no edital de concessão, mas a concessionária comprou a ideia após a prefeitura desistir de colocar a atração no trecho 2 da orla do Guaíba.
Após a enchente de 2024, o projeto teve que ser revisto. Para avançar na construção da roda-gigante, a empresa aguarda um laudo do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) sobre a situação da Estação de Bombeamento de Água Pluvial (Ebap) 16, localizada perto da Rótula das Cuias. A casa de bombas teve problemas durante a cheia de maio em Porto Alegre. Na ocasião, os bairros Praia de Belas, Menino Deus e Cidade Baixa inundaram. O mesmo aconteceu dentro do parque.
— Precisamos ter segurança jurídica e econômica. Não será um investimento nosso, será de terceiros. É isso que está se estruturando. Não é algo que posso dizer que está 100% ou se está cancelado. Seguimos trabalhando para que aconteça o mais breve possível — diz a arquiteta e diretora da GAM3 Parks, Carla Deboni.
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— Esse anúncio (da construção da roda-gigante), lá atrás, foi feito contra a minha vontade. Acaba gerando muita expectativa, tinha muitos passos para serem dados. Primeiro, a infraestrutura, que está pronta. Porém, depois, veio a enchente. Queremos que saia do papel. A cidade está se reerguendo, precisa de algo icônico — acrescenta Carla, sem dar prazo para que o equipamento comece a ser montado.
À reportagem de Zero Hora, o Dmae diz que o laudo ainda está sendo elaborado. A Ebap 16 é uma das 18 casas de bombas que passará por reformas, com o objetivo de torná-las mais "resilientes" em caso de novas cheias. Serão feitas a elevação de painéis, a substituição de motores e a instalação de geradores permanentes. Os estudos para as Ebaps 12, 17, 18 e 20 já foram licitados. O investimento nas quatro unidades é de R$ 51,9 milhões.
Infraestrutura
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Conhecido também como Harmonia, o parque de 17 hectares está com a infraestrutura pronta, garante a GAM3 Parks. Uma praça central e uma área para shows foram construídas, além de um estacionamento, novos acessos, calçadas do lado de fora e áreas de embarque e desembarque para carros, e as antigas churrasqueiras foram reformadas.
— Fizemos tudo que permitisse com que o espaço se tornasse um parque funcional durante os 365 dias do ano. Agora, é uma nova etapa, uma virada de chave. Estamos negociando com várias marcas para elas se instalarem no parque, mas precisamos fechar um mix mínimo para começar a divulgar. Queremos trazer âncoras de gastronomia e de entretenimento — diz a diretora da concessionária.
A primeira marca que chegará ao parque será a cervejaria Tupiniquim, que terá dois tanques de cerveja em uma estrutura com visual de fábrica, além de uma área para piquenique e bancos. A inauguração deve ocorrer ainda antes do Acampamento Farroupilha de 2025.
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— Hoje, o parque está em outra outra etapa. Não se fala mais em aprovação, se "vai dar certo". Comercialmente falando, estamos vendo uma boa aceitação das empresas. O Harmonia vai deixar de ser um parque de eventos e se tornar um parque da cidade — diz a executiva da GAM3 Parks, que afirma que a empresa investiu R$ 33,5 milhões no parque até agora.
Plantio de árvores
Como compensação pela retirada de 103 árvores no parque durante as obras, a GAM3 Parks prometeu plantar cerca de 400 novas mudas em toda a área. O serviço foi dividido em três etapas. As duas primeiras estão concluídas, com 300 unidades já plantadas e catalogadas com placas sinalizando suas espécies.
Em novembro de 2024, o serviço foi paralisado por causa das altas temperaturas. Será retomado em março, com o plantio de mais 158 mudas.
— Depois, terá toda a parte do paisagismo do parque. Tem que ser verde, confortável. Temos que ter paciência. Não posso sair plantando enquanto acontece uma obra e depois ter que fazer mais uma intervenção no vegetal. Depois de um ano, vamos fazer esse "recheio", colocando árvores onde antes nem tinha — diz Carla.
O projeto foi elaborado elencando apenas espécies nativas do Rio Grande do Sul. Todas as árvores, incluindo frutíferas, estão sendo plantadas no próprio parque. Entre as espécies, estão araçás, jerivás, butiás, ipês, salseiros e timbaúvas.
Mais atrações
Também estão previstos para o parque espaços da Vila Alemã e da Vila Italiana, com construções que reproduzem a arquitetura típica dessas regiões. Nestes locais, haverá lojas e operações gastronômicas temáticas. As empresas que se instalarem nestes pontos deverão seguir um plano diretor criado especificamente para o parque.
— Estamos consultando arquitetos. Traremos operações que tragam essas histórias com uma linguagem mais moderna. Aquele de "vilinha", talvez não seja exatamente assim, mas com características e representatividade de uma maneira mais atualizada — diz a arquiteta Carla Deboni.
Sobre a atração "Parque Terra dos Dinossauros", que teria certificação do Guinness Book, Carla diz que a GAM3 Parks também busca uma empresa para viabilizar a operação, que teria um museu sobre os dinossauros que habitaram a região onde hoje fica o Rio Grande do Sul:
— É um espaço voltado para educação, para a criança. Permanece nos planos, mas vamos ter que adaptar.
Por outro lado, a concessionária desistiu da ideia de construir uma passarela por cima do espaço apelidado de "reservinha", onde há centenas de árvores. Um acesso ao parque seria criado no local.
— Teríamos que fazer alguma intervenção, mesmo que mínima. Com esse cenário de questões ambientais, desistimos desta atração. Cercamos esta área e cuidamos dela. Outras atrações, por óbvio, serão repensadas em função do andamento do negócio — diz a executiva.