O Teatro Elis Regina, na Usina do Gasômetro, estava às escuras às 18h desta quarta-feira (1º), quando deveria começar o segundo ato da posse de Sebastião Melo na prefeitura de Porto Alegre. A forte chuva que caiu quando Melo ainda discursava no evento na Câmara de Vereadores derrubou a energia elétrica na região central.
Sem iluminação e microfones, a segunda cerimônia do dia ficou inviabilizada. Pouco depois das 18h30min veio a confirmação de que o evento seria cancelado — conforme a vice-prefeita, Betina Worm, a solenidade, em que tomariam posse os secretários, será remarcada. Dezenas de convidados já estavam no Teatro Elis Regina, procurando seus assentos reservados com o auxílio da lanterna do celular, quando Betina anunciou o cancelamento.
No entorno da Usina, a pancada de chuva causou alagamento em diversas vias, inclusive na Avenida Presidente João Goulart, por onde se ingressava no local da cerimônia. Poucos metros adiante, na Rua dos Andradas, carros estacionados tinham água na altura da porta e dois contêineres de lixo estavam virados.
Em um salão amplo da Usina do Gasômetro, contíguo ao Teatro Elis Regina, diversas goteiras causaram acúmulo de água no chão.
O prefeito não chegou a acessar a Usina, embora tenha iniciado o deslocamento ao local após tomar posse para o segundo mandato na Câmara de Vereadores. Com a chuva e os alagamentos, ele foi até o Centro Integrado de Coordenação de Serviços da Cidade (Ceic) para avaliar os danos.
— Temos tido problemas. Ventania e chuva, falta luz em muitos lugares da cidade. E falta luz também para as casas de bombas, que ainda não tem a dupla alimentação (de energia) — afirmou Melo em entrevista à Rádio Gaúcha.
As casas de bombas citadas pelo prefeito são as estruturas a motor que ajudam a remover a água da chuva da rede pluvial. Elas empurram a água para o Guaíba e rios que cercam a cidade, como o Jacuí. É um equipamento de drenagem fundamental para evitar alagamentos na superfície da cidade.
Melo avaliou que o poder público precisa ter mais precisão na previsão do tempo. Informações corretas, diz ele, ajudam na adoção de medidas de prevenção a desastres naturais.
— O sentimento é de que temos de trabalhar mais e mais rápido. Peço a compreensão da população. Vamos acelerar. A única coisa que posso dizer no dia 1º, tendo acontecido isso, é que só tem um caminho: temos que ter planejamento e acelerar. É o que vamos fazer — prometeu Melo.
Aos jornalistas presentes na Usina do Gasômetro, Betina Worm disse que o cancelamento do evento foi necessário pela falta de previsão de retorno da energia elétrica. Ela aconselhou os profissionais e convidados que deixassem a Usina enquanto ainda havia um resquício de luz natural, antes do anoitecer. Justificando o cancelamento, Betina também mencionou preocupação com quedas de árvores e acúmulo de água em diversos pontos da Capital. O entorno do Gasômetro era um deles. O mesmo ocorreu em parte do Centro Histórico.
O anúncio de Betina, quase no escuro, do alto do palco onde Melo seria consagrado na cerimônia, foi feito ao lado do secretário-geral de Governo, André Coronel. Logo depois, o público começou a deixar o teatro e trabalhadores iniciaram a desmontagem de estruturas da solenidade.
Solenidade na Câmara
Sebastião Melo foi empossado para o segundo mandato na tarde desta quarta-feira em solenidade que lotou o Plenário Otávio Rocha, na Câmara de Vereadores.
— A proteção de cheias é um dos desafios. A educação, o Plano Diretor, o marco regulatório do saneamento, a inovação e tantos outros temas — afirmou Melo, em discurso de 17 minutos.
A solenidade foi conduzida pela vereadora Comandante Nádia (PL), eleita para presidir a Câmara Municipal em 2025.