Há nove anos com a obra parada, a situação do primeiro shopping center de Alvorada, na Região Metropolitana, virou uma incógnita entre os moradores da cidade. O projeto foi lançado em 2012, mas uma divisão societária e exigências do Ministério Público barraram os trabalhos, deixando a estrutura, a 150 metros da entrada do município, inacabada.
Agora, o empresário à frente da iniciativa, Valdir Silveira, diz que busca novos investidores para viabilizar a retomada da obra e, finalmente, inaugurar o empreendimento.
— Existem tratativas societárias em São Paulo. Está andando bem. Temos um encontro decisivo agora em fevereiro. Não tem como construir um shopping sozinho, assim funciona o setor — diz o empresário.
Inicialmente, o shopping era dividido entre dois acionistas: a empresa 5R Empreendimentos, de São Paulo, e Silveira, que é dono de outros negócios em Alvorada. Enfrentando uma crise financeira, a 5R acabou abandonando a obra, e o gestor gaúcho assumiu toda a gestão do empreendimento.
Localizado na Avenida Getúlio Vargas, ao lado de uma loja do Atacadão e do Centro de Treinamento Morada dos Quero-Queros, utilizado pelas categorias de base do Internacional, o imponente prédio de quatro andares já teve cerca de R$ 140 milhões investidos em sua construção. Apesar de estar com a obra parada, a estrutura não parece estar abandonada, pois, segundo Silveira, há equipes que fazem limpeza e a segurança do local.
Atualmente, 74% do empreendimento está concluído. Zero Hora chegou a noticiar, em 2018, que 80% da obra teria sido concluída, porém, agora, o empresário diz que parte do trabalho se perdeu e terá que ser refeito, como a impermeabilização do telhado. O projeto passa por ajustes, como nas cores da fachada e até uma possível troca de nome, deixando de ser chamado de Praça Alvorada.
No total, o empreendimento teria 23 mil metros quadrados de área bruta locável, o que o setor de varejo chama de ABL. Na prática, é o tamanho do espaço total para as lojas. A ideia era incorporar ao projeto o hipermercado BIG que ficava ao lado, assim como foi feito no BarraShoppingSul, em Porto Alegre. O hipermercado foi adaptado para a bandeira Atacadão após a compra da rede pelo grupo francês Carrefour, que não tem a intenção de participar do shopping. Sendo assim, o empreendimento não terá uma loja âncora desse segmento.
Antes de a obra parar, um outdoor divulgava algumas marcas que fariam parte do mix de lojas. Entre elas, estavam uma rede de fast-food, uma loja de roupas e uma loja de móveis e eletrodomésticos.

Contrapartidas
Existe uma decisão judicial, consequência de uma ação movida pela promotoria especializada do Ministério Público de Alvorada, impedindo que as obras sejam retomadas sem a conclusão de contrapartidas no entorno do shopping. Entre as demandas, estão o prolongamento da Rua Elpídio Correia da Silveira até a ligação com Porto Alegre e a construção de muros ou gradis no entorno de um parque de Alvorada.
No total, ao menos cinco contrapartidas foram exigidas para emissão da Licença de Instalação (LI) do shopping, que permite a continuação da obra. O projeto, que passa por alterações, deverá ser apresentado novamente à prefeitura e ao Ministério Público. Se aprovado o projeto, o empresário Valdir Silveira diz que levaria apenas 15 dias para concluir as obras de contrapartida.
— O empreendedor, naquele tempo, foi indiferente no atendimento dessas questões que são de interesse público e privilegiou outros assuntos. O diálogo com o responsável pela obra foi reaberto recentemente, sem avanços consideráveis — diz a promotora Tássia Bergmeyer da Silveira.
Sob nova gestão, a prefeitura de Alvorada diz estar acompanhando de perto a situação da construção do shopping e que torce para que o empreendimento de Silveira saia do papel.
O empresário estima que precise de R$ 80 milhões para finalizar a construção. O montante abrange dívidas com credores e também o valor restante da obra. A partir de quando os trabalhos recomeçarem, durariam cerca de oito meses para serem concluídos, projeta o Silveira.
— É uma posição de honra, esse shopping tem que acontecer. Já está praticamente pronto, já temos os espaços para lojas, era só as marcas entrarem. Fizemos os banheiros, instalamos 10 escadas rolantes, ar-condicionado — diz o empresário à frente do projeto.

Expectativa
Vanessa de Oliveira encara diariamente a construção inacabada. Ela trabalha na loja de conveniência de um posto de gasolina que fica ao lado de onde seria o shopping. Além dela, colegas de serviço também torcem para que a obra seja retomada.
— Teria mais gente passando aqui e comprando de nós. Até para quem mora aqui seria bom, pois não precisaríamos ir a Porto Alegre para visitarmos um shopping — diz Vanessa.
A professora de educação física Francine Medeiros comprou uma casa a duas quadras do empreendimento. Ela torce pela conclusão da obra do shopping com a expectativa de que seu imóvel valorize.
— Ia melhorar muito a nossa região. Imagina ter um cinema aqui? Comprar de marcas que ainda não temos na cidade... Nossa expectativa é grande — afirma.
O prédio do shopping, de 72 mil metros quadrados, começou a ser erguido em 2012 em um terreno onde antes ficava um parque aquático. Uma rede de cinemas iria administrar cinco salas, mas a negociação foi desfeita. O estacionamento teria mil vagas para carros. Durante a obra, chegaram a ser gerados 480 empregos diretos. Para finalizá-la, projeta-se que serão necessárias pelo menos 200 pessoas.