As árvores de Porto Alegre serão identificadas, descritas e catalogadas a partir desta terça-feira (6) com a ajuda de uma plataforma digital recém contratada pela prefeitura. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) apresentou o Arbolink, sistema integrado de gestão da arborização, a ser implementado ao longo dos próximos 12 meses na Capital. O contrato custou R$ 495 mil e pode ser renovado pelo mesmo valor nos próximos cinco anos.
A função primordial da plataforma é o mapeamento e o diagnóstico das árvores que existem próximas a vias de deslocamento de pedestres e automóveis. Os primeiros bairros a receberem a análise serão o Centro Histórico e a região do 4º Distrito. A escolha pelos dois pontos da Capital se deu em razão de estarem envolvidos em um programa de investimentos do Banco Mundial, no qual um dos requisitos é ter informações consistentes sobre a população vegetal de cada localidade.
Cada servidor da Smamus que sair a campo com esta missão de censo vegetal poderá descrever minuciosamente cada espécime nos celulares que vão operar os aplicativos que compõe a plataforma. Informações como a altura, espessura, inclinações, posição em relação a via e outros indicadores botânicos, como o formato e a quantidade das projeção da copa e ocorrência de galhos caídos, serão levados em conta no processo.
— É um desafio muito grande compatibilizar o plantio da árvore certa no lugar certo com os outros equipamentos de rede de esgoto, trânsito, sinalização e demais itens da cidade. Por isso trazemos esta tecnologia, para ir além da planilha e ter mais inteligência no mapeamento — resumiu o secretário da Smamus, Germano Bremm, durante o lançamento, na sede da pasta, na manhã desta terça (6).
Segundo Bremm e sua equipe, a plataforma trará precisão e agilidade na análise das árvores que já existem, além de fornecer embasamento para a escolha de espécies e locais para os próximos plantios pela cidade. Os servidores da Smamus estarão em constante contato com as equipes de manutenção e poda, serviços que são feitos pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb).
— Damos um salto de qualidade. Já tínhamos diretrizes muito claras desde 2018, agora teremos uma nova ferramenta e mais dados para o planejamento da arborização do futuro — comemorou diretora de arborização, Verônica Riffel.
Censo vegetal em larga escala
A empresa que criou o Arbolink é a Propark, de Piracicaba, no interior paulista, que atua há mais de 50 anos com projetos de arborização em áreas urbanas. Os testes foram validados em Piracicaba, além de áreas particulares em empresas e na cidade de Cordeirópolis, em São Paulo.
Porto Alegre é a primeira Capital que contrata este serviço. Ao formular o software, o diretor da empresa e engenheiro agrônomo, Marcelo Leão, diz que encontrou plataformas equivalentes em outros países como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, e que precisou adaptar as funcionalidades ao cenário brasileiro. Leão afirma que foram analisadas cerca de 200 cidades para desenvolver a versão atual da plataforma de gestão.
— O desafio foi grande para chegar aqui, agora vamos dobrar ele para entregar do jeito que Porto Alegre merece. Incluímos os parâmetros técnicos e legais praticados pela prefeitura, e temos uma expectativa para ver o presente e também outras para o futuro — projetou Leão.
Em um segundo momento, depois que os levantamentos forem consolidados pela cidade, será possível divulgar dados atualizados de arborização por região da Capital, engajando a comunidade, esperam os diretores da Smamus.
O cadastro de cada árvore no sistema contará com um laudo de avaliação contendo informações diversas e precisas sobre a planta. Leão explica que há uma série de regras definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para o diagnóstico da saúde de uma árvore no ambiente urbano, e que elas nortearão as análises feitas dentro da plataforma.
— Não identificamos no país outro software semelhante que nos dê informações sobre a possibilidades de plantio — elogiou a diretora de arborização, Verônica.
Rotina de observação
Em testes feitos no interior de São Paulo, Leão e seus colegas registraram uma média de 200 árvores catalogadas por dia por cada pessoa que trabalha com a plataforma.
A Smamus exalta que sua equipe terá um ritmo próprio, ainda incerto no primeiro dia de desenvolvimento deste trabalho. O mapeamento começou nesta própria terça e será constante — sem prazo estabelecido para ser considerado concluído.