A 242ª Feira do Peixe de Porto Alegre terá sua festa de lançamento neste domingo (3), na Ilha da Pintada, no bairro Arquipélago. A adaptação da área que receberá em torno de 500 pessoas ocorreu durante toda esta semana, com os ajustes finais neste sábado (2): colocação de mesas e cadeiras na esplanada com vista privilegiada do Rio Jacuí, instalação do palco para as atrações musicais, distanciamento das bancas de artesanato e preparação das churrasqueiras para a grande estrela do evento, a tainha assada na taquara. Pescado que é vendido no almoço a R$ 40, e acompanha um molho secreto.
— É vinagrete, mas o tempero principal é amor. Só colocar amor que ele fica bom — garante a cozinheira Cátia Simone Brandão Araújo, 54 anos.
A festa que dá a partida na feira começa às 10h, e toda estrutura montada fica na Colônia de Pescadores Z-5 (Avenida Nossa Senhora da Boa Viagem, 1916, junto à praça Salomão Pires de Abraão). Um toldo para proteger o público do sol ou da chuva já foi colocado no pátio, e há uma área interna no prédio.
Além de comemorar os 250 anos da Capital, o evento marca o centenário da associação, completado no último mês de dezembro.
A celebração deste domingo é simbólica, pois a venda dos peixes para preparo em casa ocorrerá de fato somente na Semana Santa, em três locais:
- de 11 a 15 de abril: Largo Glênio Peres, ao lado do Mercado Público
- de 13 a 15 de abril: Restinga
- de 13 a 15 de abril: Belém Novo
Nas ilhas não haverá feira com bancas, porém os peixes frescos ou congelados podem ser buscados diretamente na casa dos pescadores, afirma o presidente da Colônia, Gilmar Coelho.
A associação reúne cerca de 1,5 mil pessoas da Região Metropolitana, contingente que vive do alimento retirado das águas e revendido para todo o Estado.
Trabalho familiar
A prefeitura da Capital espera superar a feira do ano passado, quando foram comercializadas 51 toneladas de pescados. Em 2021, a feira funcionou com protocolos sanitários e o fluxo de pessoas foi controlado, o que não ocorre na edição atual.
A cozinheira que distribui pitadas generosas de amor entre tomate, cebola, vinagre, azeite e sal é natural da Ilha da Pintada. Participa da feira há tanto tempo que nem consegue calcular. Ela relembra quando seus pais atravessavam o lago de barco, até a Usina do Gasômetro, a fim de vender a pesca para quem vive no continente.
— Vem de tempos, e meus filhos também são pescadores e trabalham aqui na associação.
Uma prova do trabalho familiar está no preparo do prato principal: o assador é o marido de Cátia, Marcos Reni Azevedo da Silva, 51 anos. Há duas décadas ele dedica os domingos ao ritual.
— Já servi gente de vários países — comemora orgulhoso.
O peixe é temperado apenas com sal fino antes de ir para a brasa. Segundo o assador, há risco de deixar a carne amargar caso sejam misturados outros condimentos. A tainha tem peso variado, com média de 1 quilo, é prensada na taquara e amarrada em uma ponta com arame. Inclui arroz, salada e o molho que teve seu segredo relevado.