O Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindimoto) demonstra preocupação com a nova modalidade de transporte por aplicativo anunciada na segunda-feira (7) pela Uber. O serviço chamado Uber Moto começou a funcionar em Caxias do Sul, Pelotas e Rio Grande. Porto Alegre ainda não tem uma previsão oficial da empresa para contar com a novidade.
— Eles (Uber) não captam profissionais que tenham condições de transportar as pessoas com segurança. Vemos com muita preocupação que uma empresa desse porte inicie um serviço sem consultar as secretarias de trânsito — diz o presidente do Sindimoto, Valter Ferreira.
O dirigente salientou que o sindicato da categoria acompanha de perto a situação. Também disse que sua preocupação é que a empresa não tenha controle sobre os motociclistas participantes do novo serviço no aplicativo.
— Como eles (Uber) trabalham por aplicativo, vão ver que o cidadão possui 21 anos e carteira de habilitação e o aceitarão. A lei 12.009 prevê que, para atuar no setor, o profissional precisa ter ficha criminal limpa. Como isso será controlado pelos aplicativos? — questiona.
Ferreira orienta que os passageiros chamem os motociclistas que atuam há anos em motos identificadas e reconhecidas pelo próprio sindicato. Mas quem optar pelo serviço da Uber Moto deve questionar o condutor sobre quanto tempo trabalha com o transporte de pessoas.
— Se o cliente não sentir confiança não deve embarcar na viagem. Porque é perigoso — alerta.
Por sua vez, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou que “até o momento não foi comunicada oficialmente sobre esse tipo de operação da Uber em Porto Alegre. Quando tiver conhecimento dos detalhes poderá se manifestar.”
Saiba mais
O valor da viagem do Uber Moto será 25% mais barato do que o praticado pelo UberX. Em função da pandemia de covid-19, o cliente deverá utilizar álcool gel antes da viagem, levar o próprio capacete e usar máscara de proteção facial durante o trajeto. Porém, os condutores terão capacete extra disponível para os passageiros que não possuírem o equipamento.
Uber afirma que serviço é seguro
A Uber se manifestou sobre os comentários do sindicato por meio de nota. No texto, a empresa afirma que adota medidas de segurança em todas as viagens, como “a checagem de antecedentes dos parceiros e dão aos usuários a possibilidade de compartilhar com seus contatos a placa, a identificação do condutor e sua localização no mapa, em tempo real”. O texto ressalta que “para se cadastrar no aplicativo da Uber e dirigir na nova modalidade, o motociclista parceiro precisa ter CNH com a observação de atividade remunerada (EAR)”.
A empresa afirma, ainda, que serão fornecidos recursos como seguro para acidentes pessoais tanto para usuários quanto para parceiros. Segundo a companhia, os condutores do Uber Moto receberão conteúdo educacional sobre segurança viária, estimulando a direção segura e o respeito às leis de trânsito. “Todos os parceiros da Uber também passam por uma checagem de identidade via selfie, e, desde o começo da pandemia, uma selfie adicional verifica o uso de máscara.”
A nota ressalta, também, os cuidados previstos em relação à pandemia. A Uber afirma que “contratou um especialista para validar um protocolo de prevenção ao coronavírus específico para o Uber Moto. O trabalho foi realizado pelo médico Alexandre Naime Barbosa, que é chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e consultor para Covid-19 da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Associação Médica Brasileira”.
De acordo com a Uber, “entre as recomendações que serão informadas aos usuários e parceiro estão a limpeza de mãos e superfícies da moto com álcool em gel, que os usuários levem seus próprios capacetes, ou que capacetes extras sejam higienizados com produtos específicos e usados com toucas higiênicas — que podem ser fornecidas pelos condutores e reembolsadas pela Uber”.