A prefeitura de Porto Alegre pretende decidir até o final de janeiro, com auxílio de um comitê que reúne parceiros públicos e privados, a localização e o conceito do centro de eventos buscado há oito anos, mas ainda sem previsão concreta para sair do papel.
Já há um estudo pronto para instalar a estrutura em um terreno ao lado do Estádio Beira-Rio, mas a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo pretende analisar outros possíveis endereços e modelos de construção antes de dar início a uma nova tentativa de transformar o projeto em realidade. Entre os demais pontos cogitados para receber o centro estão uma área junto à freeway, na Zona Norte, e uma fração do terreno onde se encontra a sede da Trensurb, no bairro Humaitá.
A Capital tenta erguer o novo centro de eventos desde 2013 com o objetivo de estimular o turismo de negócios e incrementar a economia municipal. O Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha) chegou a encomendar um estudo à empresa KPMG para que a estrutura fosse construída em um estacionamento pertencente ao município ao lado do Estádio Beira-Rio a um custo de R$ 60 milhões. A verba seria repassada pelo governo federal, mas, como a iniciativa não avançou, o dinheiro foi perdido.
A atual gestão da prefeitura entende que pode contribuir com a cessão da área, mas que o investimento no prédio e a gestão do espaço devem ficar sob responsabilidade privada. O município também pretende analisar diferentes opções de modelagem do centro antes de bater o martelo e sair em busca de parceiros privados interessados em erguer e administrar o empreendimento.
– É uma demanda histórica, e um equipamento que pode fazer diferença para o turismo e a economia, mas precisa se manter 365 dias por ano, e não apenas quando tem eventos. Devemos definir onde ficará localizado e que formato terá: se será um centro de convenções, de exposições, de feiras, enfim, qual será a vocação e o tamanho mais indicados – afirma o titular do Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Lorenzoni.
Entre as opções de localização mais cogitadas, além do estacionamento próximo ao Beira-Rio, estão uma parte do terreno onde fica a sede da Trensurb, no bairro Humaitá, ou uma área privada junto à freeway, nas proximidades do prédio da Fecomércio – que poderia ser adquirida pelo município (veja no mapa logo abaixo).
– No caso da Trensurb, com a qual já fizemos um contato preliminar, também poderíamos tentar alguma forma de permuta, por exemplo – revela Lorenzoni.
A assessoria de comunicação da Trensurb confirma que o tema já foi abordado preliminarmente em uma reunião recente, mas ainda não progrediu. A decisão de reabrir o processo de escolha sobre onde instalar o espaço de eventos desperta diferentes opiniões. A escolha a ser feita até 31 de janeiro deverá ser tomada pela prefeitura no âmbito de um comitê de desenvolvimento econômico que reúne representantes do governo e do setor privado como Sindha, Porto Alegre & Região Metropolitana Convention & Visitors Bureau (POACVB), Sinduscon/RS e outros.
O Sindha entende que o estacionamento próximo ao estádio do Inter seria a melhor opção por envolver uma área que já pertence à prefeitura, estar próximo a outras atrações como os diferentes trechos da orla e da Fundação Iberê Camargo. As imediações também são palco de um projeto que pretende permitir a construção de duas torres, de 70 e de 130 metros, ao lado do Beira-Rio.
– Já temos um terreno escriturado em nome da prefeitura e uma ideia de projeto, que teria apenas de ser atualizada em termos arquitetônicos. Mas o prefeito é uma pessoa responsável e creio que tomará a melhor decisão – afirma o presidente do Sindha, Henry Chmelnitsky.
A presidente executiva do POACVB, Adriane Hilbig, acredita que é importante avaliar todas as opções disponíveis, incluindo o local de instalação, antes de retomar a iniciativa.
– O projeto precisa ser todo revisto, até porque, depois da pandemia, tudo mudou. Precisamos discutir se o local apontado no estudo da KPMG é realmente o melhor – diz Adriane.
Outras opções podem trazer como trunfos metragens maiores, maior proximidade com o aeroporto, com vias importantes como freeway e BR-116, ou ainda facilidade de acesso a hotéis, por exemplo. Os próximos passos, depois de escolhido o endereço da nova atração e que formato terá, envolvem a publicação de uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) – espécie de edital destinado a convocar investidores interessados em participar do projeto a ser lançado pela Secretaria Municipal de Parcerias.
Depois da escolha do projeto e do investidor, teriam de ser buscadas as licenças necessárias para o empreendimento e começar as obras. Ainda não há prazo definido para que essas etapas ocorram.