Um problema que costuma afetar zonas de risco está levando moradores de uma das vizinhanças de metro quadrado mais caro de Porto Alegre a cobrar uma solução junto à prefeitura.
Deslizamentos de terra que se repetem em períodos de chuva intensa preocupam quem vive nas proximidades do morro Ricaldone, no bairro Moinhos de Vento, e geram uma mobilização destinada a resolver o arraste de lama e pedaços de árvore . A construção de um muro de contenção foi prometida pelo município há oito anos, mas ainda não se concretizou.
Há quase uma década, quem mora no entorno das vias Engenheiro Saldanha (parte mais baixa do morro) e Engenheiro Álvaro Nunes (mais alta) aguarda por obras capazes de evitar que a erosão do solo argiloso no espaço entre essas duas vias resulte em deslizamentos de lodo e pedaços de vegetação – os quais, por vezes, chegam até a calçada e a um trecho da pista da Saldanha.
Agora, parte da vizinhança voltou a se organizar em razão dessa demora e por avaliar que o risco de um desmoronamento mais volumoso está aumentando.
— A cada chuva, desce aquela lama toda, pega calçada, parte da rua de baixo. Limpam, serram os galhos de árvore e fica por isso mesmo. Mas, levando em conta que as chuvas tendem a ficar cada vez mais intensas, há um temor de que a terra acabe atingindo os prédios do outro lado da rua. A impressão é de que os deslizamentos estão piorando — afirma a moradora da região e publicitária Mônica Maligo, 59 anos.
Em um trecho de quase 50 metros ao longo da Engenheiro Saldanha já existe um muro de contenção destinado a barrar as eventuais movimentações de terra (veja mais detalhes no gráfico abaixo). Mas logo a seguir, próximo de onde a via faz uma curva acentuada, não há qualquer tipo de proteção capaz de dar conta do problema. Ali é um dos pontos onde a lama, misturada a pedaços de árvores, costuma escorrer com mais frequência.
Há uma tela metálica nesse trecho, mas parte dela já foi destruída pelas sucessivas quedas do terreno. No chão, próximo ao ponto de passagem dos veículos, ainda é possível ver pedaços da tela, pedras, pedaços de árvores e outros materiais que sucessivos aguaceiros arrastaram para baixo. Naquele local, há um desnível de aproximadamente 20 metros de altura entre as duas ruas que envolvem o morro, e se pode observar vários pontos do terreno com marcas profundas de erosão.
— Já ligamos para a Defesa Civil, para a prefeitura, e agora nos disseram que o caso está com a Secretaria de Obras. Mas é algo que vem se arrastando já há muitos anos — observa Mônica.
Em 2013, ocorrera outra mobilização dos moradores preocupados com a instabilidade do Ricaldone. Conforme reportagem publicada à época por Zero Hora, a prefeitura havia previsto para o ano seguinte a construção de um novo trecho do muro de contenção para prevenir um eventual deslizamento de proporções maiores. Até o momento, porém, a obra não foi realizada, e não há uma previsão exata de quando a adoção dessa ou de alguma outra medida preventiva destinada a aumentar a estabilidade do terreno poderá ocorrer.
Prefeitura aponta necessidade de intervenções, mas sem data certa
Procurada por GZH, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) da Capital informou por meio de nota que “recentemente realizou vistoria no local, no qual foi detectada a necessidade de intervenções para garantir a manutenção da estabilização da encosta do morro. Após vistoria, a secretaria recebeu representantes dos moradores da região, oportunidade na qual foram tratadas as próximas etapas para resolução da demanda”.
O texto diz ainda que a equipe técnica “executou de pronto o termo de referência necessário para contratação do projeto de intervenção. Atualmente, trabalhamos para viabilizar a captação de recursos necessários à execução de projeto e da obra”. O titular da Smoi, Pablo Mendes Ribeiro, destaca: “Recebemos a demanda, e temos tratado a mesma com a importância necessária. Junto dos moradores, estamos buscando solucionar a questão o mais breve possível”.