O medo era de não vender nada por causa da pandemia de coronavírus, mas a Feira do Peixe de Porto Alegre deste ano superou expectativas. Por volta das 9h desta Sexta-Feira Santa (2), último dia do evento, alguns feirantes já tinham conseguido vender tudo: tilápia, tainha, filé.
O sucesso, na opinião dos pescadores, foi justamente porque a edição foi reduzida - eram apenas 13 bancas, número muito menor do que as habituais 50 dos anos anteriores.
– Foi uma maravilha. Se tivesse mais de 13, a gente não conseguiria (lucrar tanto). A gente se arriscou, porque achava que não teria movimento, por causa da pandemia. Foi isso o que os outros pescadores fizeram, deixaram de vir por medo de perder - contou Bibiana de Souza, pescadora da Ilha da Pintada
Ela e o marido, Fábio da Silva, pagaram cerca de R$ 1.500 à prefeitura de Porto Alegre pelo espaço no Largo Glênio Peres. No segunda dia da feira, cerca de R$ 17 mil haviam entrado no caixa do casal. A estimativa é que, somando o último dia, o valor chegue a R$ 20 mil – não é o lucro, pois ainda não calcularam os gastos.
Para os pescadores, foi a melhor Feira do Peixe que já participaram.
- Graças a Deus. Tivesse mais peixe, nós íamos vender mais - disse Bibiana.
Às 10h, só restava um bandeja de bolinho de viola na banca dos cunhados Fábio Maciel e Maximiliano Cabral. Pescadores da Ilha da Pintada, eles também demonstravam satisfação.
- Melhor feira em quatro, cinco anos - garantiu Fábio.
Ele admitiu que também tinha receio de perder dinheiro, mas, pelas contas, o saldo será bom.
- Entrou uns R$ 30 mil, vamos fazer uns R$ 10 mil de lucro - estima o pescador.
O balanço oficial da Feira do Peixe ainda não foi divulgado pela prefeitura de Porto Alegre.
Pouca gente fora, muita gente dentro
A movimentação na manhã desta sexta-feira era tranquila debaixo do toldo que abrigou os três dias de Feira de Peixe. A fila era curta, com poucas pessoas, e elas não precisavam esperar muito tempo até terem a temperatura medida e receberem álcool gel na palma das mãos por um servidor da prefeitura.
As 13 ficavam distantes umas e o público conseguia circular sem raspar uns nos outros, diferentemente do que ocorreu nas bancas que vendem peixe dentro do Mercado Público, a poucos metros da Feira do Peixe. Em um espaço que reúne quatro ou cinco bancas, conhecido como Balcão do Peixe, a clientela se acotovelava para fazer o pedido e os atendentes chegavam a gritar por debaixo das máscaras.
Segundo a prefeitura, o Mercado Público contou com "orientação ao público por meio de fiscais para que o distanciamento fosse obedecido". A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo disse que irá apurar se alguma das medidas não foi cumprida.
Já a Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), em nota, disse que "solicitou aos clientes que evitassem aglomerações e as compras de última hora", mas que "por se tratar de um produto fresco, a procura se concentrou nesta manhã, o que gerou um grande movimento".
O Mercado Público, contudo, tem exigido o uso de máscara, além de fazer a aferição de temperatura e de ofertar álcool gel a todos que ingressam no prédio.
Nas demais bancas do Mercado Público, não havia aglomeração.