Embora o decreto da prefeitura determine que bares, lancherias e restaurantes só atendam por telentrega ou com buscas de pedidos no balcão, não é isso que se vê no Mercado Público de Porto Alegre. No início da tarde desta segunda-feira (4) era possível ver diversos clientes almoçando nos restaurantes que ficam dentro do prédio. Inclusive, com grupos de quatro pessoas ocupando a mesma mesa.
Nos estabelecimentos que ficam com a porta para a rua, não era diferente. Muitos, pelo fato de serem estreitos, têm espaços que lembram um corredor. Em um desses locais, o Bar Embaixador, havia três mesas de três lugares ocupadas. Entre elas, havia menos de um metro de distância.
A permissionária do restaurante, Lucia Boucinha Machado, que está há 17 anos no local, informou que recebeu a orientação de que poderia atender a funcionários de dentro do Mercado Público. E que pessoas de fora são atendidas apenas na porta.
— Nós temos convênio com os funcionários, precisamos atendê-los. Tomamos todos os cuidados necessários: disponibilizamos álcool gel e colocamos duas pessoas por mesa, informou Lucia.
Já na Lancheria Luz, havia uma mesa em cada uma das duas entradas que dão de frente para o Terminal Parobé. Em cima delas, um balde com um papel com a frase: somente telentrega, acompanhada de um número de telefone.
Entretanto, havia diversas pessoas almoçando no local. A reportagem perguntou para um funcionário se eles estavam atendendo normalmente. Sem querer se identificar, ele respondeu que só estavam atendendo quem trabalha no Mercado Público.
Porém, ao passar pelo local, dava para perceber que um dos atendentes estava na porta convidando as pessoas que passavam na rua para entrar. A própria reportagem, inclusive, recebeu esse convite.
Para os funcionários de outros restaurantes próximos, o caso é um desrespeito. Uma funcionária do Chalé da Praça XV, que preferiu não se identificar, ressaltou que o local segue respeitando as regras do distanciamento social, mesmo com a queda de 70% nos pedidos.
— Tá errado. As regras deveriam valer para todos. Estamos funcionando com restrições desde 23 de março. Se um não pode atender, os outros também não deveriam poder.
Ao ser comunicada sobre o caso, a prefeitura negou que os estabelecimentos do Mercado Público tenham autorização para receber clientes.
Em nota, informou que vale o que está no decreto: "o funcionamento de lancherias e restaurantes é permitido apenas nos formatos delivery ou take away. Qualquer caso em desacordo pode ser denunciado pelo 156".