Há pelo menos seis meses, um trecho da Rua Eugênio Rodrigues registra movimento de pedestres apenas de um lado. Na via do bairro Restinga, zona sul de Porto Alegre, um poste com fios de telefone está inclinado sobre a rua, a cerca de 50 metros da Escola Estadual Engenheiro Ildo Meneghetti.
— Imagina se cai em cima de um carro? Aí depois vão querer consertar — reclama o vigilante do colégio, Sandro da Silva Duarte, 48 anos.
Em pouco mais de uma hora, entre 7h e 8h desta sexta-feira (8), o movimento de pais e alunos se concentrava na calçada contrária. Levando os filhos de 14 e 17 anos para a escola, Marinalda Escobar, 36 anos, seguia a maioria.
— A gente vem pela calçada do outro lado. Não deixo eles passarem ali — diz, apontando para o poste que, afirma, está assim desde o ano passado.
"Vizinho" ao poste, o motorista de ônibus Cezar Orvedo Neto, 37 anos, sai de casa preocupado com os dois filhos.
— A gente nem passa perto. A preocupação é grande. É assustador o jeito que o poste está —completa.
O morador afirma que equipes de telefonia já foram ao local, mas que a estrutura de madeira nunca foi retirada. O mesmo foi confirmado pelo mecânico Josué Soares da Silva, que tem uma oficina quase ao lado.
— Já vieram, olharam. É um estresse. Eles levantam os fios, olham, mas não trocam. Até um caminhão já passou e derrubou os fios na rua, bloqueando e deixando a gente sem telefone e sem internet — lembra.
Na Escola Ildo Meneghetti, as professoras orientam aos estudantes que evitem o local. Na maioria das vezes o aviso é desnecessário, pois os moradores já se habituaram a passar longe do poste.
— Tenho medo, venho pelo outro lado — afirma a estudante da 9ª série Carolina Paula Nunes, 14 anos.
A amiga, da mesma idade, anda junto e afirma que em dias de forte vento a situação é pior:
— Já vi fio caído na rua. Quando dá temporal assusta ainda mais.
A escola aumentou em mais de 200 o número de alunos esse ano, atendendo 2.055 crianças, jovens e adultos, segundo a responsável pela área patrimonial, Iolanda Santos.
A CEEE foi procurada e, ao analisar as imagens, afirmou que a estrutura não é de sua responsabilidade, pois não há fios de energia elétrica no poste.
Já a prefeitura da Capital disse que acionou a Coordenação de Iluminação Pública e que não há qualquer reclamação registrada na rua no último ano. O executivo esclarece também que é responsável apenas pelos pontos de iluminação pública.
Em nota, a empresa Vivo informou que enviou uma equipe técnica ao local. Após a visita, foi constatada a necessidade de realizar reparos na rede "no menor tempo possível", segundo a empresa. A companhia ressalta que "monitora permanentemente a qualidade e a segurança de sua rede" e orienta a população para que entre em contato pelo número 103 15 quando identificar cabos soltos ou rompidos que sejam da operadora.