Vestindo chapéu laranja de plástico e colar de havaiana, Ozair Gaspar, 81 anos, é o dono de um camarote exclusivo no Carnaval da Cidade Baixa, em Porto Alegre. Da janela do apartamento térreo, ele balançava o corpo com um sorrisão no rosto, mexendo os dedos indicadores para cima e para baixo na tarde desta terça-feira (5). Atraia olhares simpatizantes dos foliões que se apertavam na calçada, a menos de um metro dele.
— Todo mundo me conhece, pede para tirar fotos. Já tirei pelo menos 15 fotos hoje — gabava-se, faceiro.
O técnico em ar-condicionado aposentado relata gostar tanto dessa festividade que "pula Carnaval em qualquer lugar". Mas da sala de casa, na Rua da República, tem todo um conforto, importante por causa da idade.
— Em casa é melhor porque agora eu já canso um pouco, e daí eu paro e sento. Mas quase não parei!
Na tarde desta terça, ele cantou grande parte das marchinhas do bloco Deixa Falar. Das antigas, ele sabe todas, garante. E canta para provar: "mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar...".
— Estou rouco até — desculpa-se o folião.
Ozair conta que foi contra um abaixo-assinado que surgiu no bairro na tentativa de proibir os blocos do Carnaval de rua — ficou acordado, em audiência de conciliação na 2ª Vara da Fazenda Pública, que haveria apenas dois dias de folia na região.
— Eu não assinei. O pessoal quer se divertir.