Quem passa em frente ao Hospital Fêmina, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, encontra milhares de rosas de lã ocupando a fachada do prédio. O cenário colorido composto por flores artificiais significa uma corrente solidária e uma força extra para os que mais precisam em um momento difícil.
A ideia partiu de Suzete Saraiva, médica neonatologista do hospital e também uma das atingidas pelo câncer de mama. Em tratamento, ela pensou em mobilizar um grupo de pessoas para tecer 5.110 rosas, número estimado de casos de câncer de mama pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) no Rio Grande do Sul somente em 2018.
— Não poderíamos fazer nas dependências internas por causa do risco de infecções hospitalares. Então, pensei que poderíamos fazer uma espécie de intervenção urbana. É muito importante que a gente demonstre essa empatia — afirma.
Por meio de uma corrente, o projeto tomou corpo. Em oficinas de crochê realizadas no hospital, funcionários, pacientes, ex-pacientes e familiares aprendiam a tecer. Em pouco tempo, a meta foi superada. Segundo a administração do local, o número atualizado é de 18,5 mil flores após o apoio de voluntários com as mais diversas motivações e dos mais variados locais.
— É algo inesperado porque não esperávamos uma proporção tão grande. Já recebemos, inclusive, rosas de São Paulo e Santa Catarina. Recentemente, uma senhora de 80 anos nos trouxe uma caixa com seis flores. Ela nos disse que conviveu com vários casos da doença na família e nos pediu desculpa por não conseguir tecer mais por conta da artrose que ela sofre — conta Denise Braga, gerente de administração do hospital.
Denise lembra também a força do significado da rosa como símbolo da corrente:
— Várias pacientes em quimioterapia recebem de voluntários o incentivo de que na campanha do ano que vem, será a vez delas de darem força a outras mulheres. Ouvi uma ex-paciente afirmar: "Eu quero, eu preciso fazer parte disso!" — relata.