
As paredes e o teto vertiam gotas d’água, os espelhos embaçaram, livros enrugaram e o simples hábito de percorrer a escadaria do prédio se tornou uma aventura. Relatos afins abundaram nos últimos dias em conversas de porto-alegrenses e grupos de moradores de bairro no Facebook. A culpada é a forte umidade que tomou a Capital desde domingo (10).
Morador de um apartamento no primeiro andar na divisa da Cidade Baixa com o Centro Histórico, o estudante de História da Arte na UFRGS Germano Scheller, 22 anos, viu gotas d’água tomarem conta de piso, paredes e teto. Objetos como móveis de madeira e livros pareciam transbordar umidade. O testemunho dele, assim outros relatos ouvidos por GaúchaZH, destaca que os transtornos terminaram nesta terça-feira (12). Para o rapaz, a preocupação era algum prejuízo ao violoncelo.
— No violoncelo, não tinha muito o que fazer. Foquei em passar pano em cima da cama e da mesa. Também amarrei um pano de vassoura e fiquei secando o teto. Até faltei na aula de noite para ficar cuidando disso. Me preocupa a preservação de bens e artefatos delicados de museus. Hoje, já estava melhor — destaca o universitário.

Na casa da produtora de eventos Carol Gomes, 28 anos, também no Centro Histórico, a umidade chegou a formar uma bolha na tinta do teto do corredor que liga sala aos quartos. Agora, ela avalia contratar um profissional para verificar o problema.
— A tinta descolou da parede de tanta umidade. O chão da cozinha e dos banheiros é de azulejo, parecia que se andava no sabão. Meu calendário de parede enrugou e o durex descolou. E meu cachorro, um shitzu, ficou todo sujo, até dei banho nele hoje.
A jornalista Adriana Dall’Agnol, 23 anos, ficou apreensiva que a umidade afetasse a fiação elétrica da geladeira, que aparentava suar. No apartamento em que mora, no quarto andar de um prédio no bairro Bom Fim, o rolo do papel higiênico e as toalhas ficaram bastante úmidas desde domingo (10). No mesmo dia, deixou o ar-condicionado ligado em temperatura alta por várias horas, mas não repetiu a medida na segunda-feira para não encarecer a conta de luz no fim do mês.

— O espelho do banheiro estava tão embaçado que parecia que tinham tomado banho. A geladeira estava encharcada e o hall de entrada do prédio, bem escorregadio. Liguei o ar-condicionado no domingo, mas, ontem, ergui as mãos para o céu e desisti. Hoje já melhorou — conta.
O estudante de cursinho pré-vestibular Antônio Cardoso, 22 anos, não teve tanta sorte: chegou a escorregar na escadaria do prédio onde mora, no Bom Fim. Felizmente, não se machucou.
— Estava tudo muito úmido, até as portas — diz.