A empresa Cettraliq negou ser a responsável pelas alterações do gosto e cheiro da água em Porto Alegre, e alegou estar sendo "injustiçada" pela apuração das autoridades da área ambiental. As operações da companhia foram suspensas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) em agosto deste ano. Desde então, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) disse ter percebido melhora na qualidade da água da Capital.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira (1º), o engenheiro químico da Cettraliq, José Carlos Bignetti, questionou "o motivo de somente a empresa ser investigada" e indicou que o problema pode estar ocorrendo em uma unidade do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP).
Conforme ele, a Casa de Bombas de número 5 do órgão estaria recebendo esgoto doméstico e não apenas aqueles originários da chuva, e, por isso, deste local partiria o cheiro e gosto ruim na água de Porto Alegre. A acusação contra a empresa "é mais cômoda" do que a de um órgão público, pelo o que entende o engenheiro.
"Não tem nenhuma relação entre a atividade da empresa e este fenômeno que aconteceu. A Fepam e os órgãos todos fizeram 7 mil análises aproximadamente e nunca encontraram nenhuma evidência que pudesse correlacionar a atividade da Cettraliq a este problema da água. O Dmae que tem que responder por isso", questionou o responsável pela Cettraliq.
O engenheiro negou que o forte cheiro sentido por motoristas na entrada de Porto Alegre, na região da Avenida da Legalidade, venha das dependências da Cettraliq. De acordo com ele, dentro da empresa não se sente o odor, e que quando é percebido não é o mesmo da região.
A empresa entende que houve um acordo entre Ministério Público, Dmae e Fepam.
Em resposta à reportagem da Rádio Gaúcha, a Fepam informou que não vai se manifestar sobre o assunto neste momento. A promotora da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, Ana Marchesan, afirmou que o Ministério Público mantém a sua posição em relação ao caso, com a convicção de que as alterações na água da Capital cessaram após a suspensão das atividades da Cettraliq.
O mesmo foi dito pelo Dmae, que considera encerrado o episódio, que causou transtornos à população da Capital entre maio e agosto deste ano. O departamento informa ainda que acredita que a Ação Civil Pública movida em conjunto com o Ministério Público esclarecerá definitivamente as dúvidas que a empresa ainda tem sobre a acusação de ter sido a causadora das alterações na água.
Atividades da empresa
A Cettraliq era responsável por tratar efluentes de indústrias. A empresa despejava o resultado do processamento de efluentes perto do ponto de captação de água do Dmae. O processo sobre o caso corre na 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central da Comarca de Porto Alegre.