
Um preso foi espancado dentro da carceragem do Palácio da Polícia, em Porto Alegre, na madrugada desta sexta-feira (23). Segundo a Polícia Civil, a cela já tinha 19 presos, que se rebelaram quando um novo homem foi colocado no local, por volta das 2h. Ele foi espancado, teve convulsões, e o Samu teve que ser acionado.
Em razão da ocorrência, oito presos tiveram que ser transferidos para a 2ª Delegacia de Polícia, no bairro Menino Deus. As carceragens do Deic e da 3ª Delegacia de Pronto Atendimento também estão superlotadas, com outros 21 presos, e por isso não foi possível encaminhar os homens para estes locais.
Na noite de quarta-feira, uma nova confusão entre os presos foi registrada no Palácio da Polícia. Eles colocaram fogo em pedações de papelão e um dos homens se intoxicou com a fumaça e precisou ser levado ao Hospital de Pronto Socorro da Capital (HPS).
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) afirma que está trabalhando para que mais presos sejam transportados assim que as vagas sejam liberadas. Segundo a Susepe, outros 64 homens estão em delegacias da Região Metropolitana.
Em nota, o presidente da OAB/RS, Ricardo Breier, responsabilizou a politica de governo do Piratini pelo espancamento de um preso dentro da carceragem do Palácio da Polícia.
Confira a nota na integra:
O presidente da OAB/RS, Ricardo Breier, responsabilizou a politica omissa do governador do Estado, José Ivo Sartori, pelo espancamento de um preso dentro da carceragem do Palácio da Polícia, na madrugada desta quinta-feira, em Porto Alegre.
Conforme o dirigente, há meses a Ordem gaúcha vem denunciando os riscos pela manutenção de pessoas detidas nas carceragens das delegacias de polícia. Breier lembra que encaminhou cinco ofícios para o secretário de Segurança e para o governador do Estado nos meses de janeiro, abril, maio, junho e julho cobrando providências e alertando suas responsabilidades no tema.
“É um evidente flagrante da violação dos direitos humanos. Desde 2015 viemos anunciando a possibilidade de eventual morte ou rebelião. Ontem mesmo, a OAB/RS por meio de sua Comissão de Direitos Humanos, vistoriou o local e verificou a permanência de 19 homens em duas celas, sendo que alguns estão nessa situação desde o dia 14 de setembro”, afirmou.
Breier alerta que a vida dos policiais, da população e dos próprios detidos está colocada em risco no interior das delegacias. “Isso é uma irresponsabilidade. Há anos o Rio Grande do Sul não tinha essa situação de detidos nas delegacias. Isso aumenta a possibilidade de morte de todos os envolvidos, além da viabilidade clara de resgate de presos por facções criminosas, como acontecem em outros estados do País. O tempo para a necessidade de medidas eficazes para Segurança Pública em nosso Estado é mais urgente que o tempo das burocracias dos gabinetes”, criticou.