Aos 60 anos, a avó, Maria Madalena Couto, não encontra na lógica nenhuma explicação para a sina vivida pela família na Vila Pedreira, no complexo da Cruzeiro, Zona Sul de Porto Alegre. Na manhã desta terça, o seu neto, Alisson Couto dos Santos, 14 anos, foi morto a tiros e de graça por criminosos que invadiram a casa onde ele dormia com a mãe e a irmã, de nove anos.
No último domingo, a família havia recordado os três anos da perda de outro menino, Adriano Santos dos Santos, também aos 14 anos. Era primo do Alisson e, como ele, foi executado a tiros por criminosos anunciando-se como policiais.
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- Infelizmente, nesse lugar é a sina de qualquer um. A gente só fica esperando quando vai ter que enterrar outra criança. Eu preferia ter perdido a vida do que viver tudo isso de novo, perdendo um neto - desabafou a avó.
Alisson (ao centro) era presença garantida no Pedreira. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
As vidas do Bê, como era conhecido pela gurizada da Pedreira, e do Pelezinho, que era o apelido do primo, tinham um elemento fundamental em comum: o amor pelo futebol. Bê era um líder no meio-campo do Pedreira. Há duas semanas, fez sua última partida pelo Municipal. Perderam por 4 a 2, mas ele tinha estilo.
Uma semana antes, em outra derrota por 4 a 3, por exemplo, o camisa 10 do Pedreira deixou seus três gols.
- Era um menino muito promissor, com talento mesmo. Infelizmente é mais um que perdemos para a violência - lamenta o líder comunitário Lindomar de Oliveira, 49 anos.
Solucionada a morte de Pelezinho, na Vila Cruzeiro
Estudante do sexto ano do Ensino Fundamental, Bê ainda não tinha alçado voos mais altos no futebol, mas, como garante a mãe, Liliane Couto, 36 anos, era um sonho. Seu primo, quando foi morto, começava a ganhar espaço nas categorias de base do Inter. Na vila, era uma unanimidade no futebol da gurizada.
- Meu filho nunca teve envolvimento com nada de ruim. A vida dele era da escola, para casa, e daqui para o futebol. Não entendo porque fizeram isso com ele - diz a mãe.
Quase em frente à casa da família, também foi morto com pelo menos um tiro pelas costas Jones Filipe Cabral dos Santos, o Alemão Jonas, 26 anos. Ele era usuário de drogas e conhecido de todos na região. Vagava pelas ruas e a polícia acredita que tenha sido morto a esmo.
- Era um rapaz que não incomodava ninguém, ajudava os vizinhos e todos gostavam dele. Não estava metido com o tráfico - conta a cunhada, Tamires Munhoz, 28 anos.
O caso é apurado pela 6ª DHPP, que ainda não tem suspeitos.
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Menino morto na Vila Cruzeiro perdeu o primo da mesma forma há três anos
Alisson Couto dos Santos, o Bê, aos 14 anos, seguia os passos do primo, Adriano, que era conhecido como Pelezinho pelo talento no futebol. Adriano foi morto de graça na entrada do mesmo beco que Bê teve o seu sonho cortado na manhã desta terça
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