Fotos: Jéssica Rebeca Weber
Difícil não se sentir protagonista de um dos clássicos do rock gaúcho ao reparar nos cartazes colados em postes do bairro Bom Fim, cenário da canção Amigo Punk. Perto do cruzamento com a Rua General João Telles há um "atravessa a Osvaldo Aranha" impresso em papel verde. Do outro lado da faixa de segurança, já beirando a Redenção, o desfecho do verso: "entra no Parque Farroupilha".
Para quem não conhece o sucesso da banda Graforréia Xilarmônica, há, em outros postes, oportunidades para lembrar Wando, Júpiter Maçã, Almir Sater e até Sidney Magal e sua cigana Sandra Rosa Madalena. Os cartazes apareceram por lá nesta semana, por iniciativa de um projeto chamado Cantando na Rua. Em todos, há um pedaço de uma música positiva, com a expectativa de colocar no pedestre um sorriso no rosto ou uma melodia na cabeça.
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- A ideia é que a pessoa veja o cartaz, lembre essa música e que, de alguma forma, comece a cantar na rua - diz a fotógrafa Raquel Brust.
- Visa alegrar o cotidiano da pessoa, gerar uma onda de afeto e energia positiva que se espalhe.
Raquel, de 33 anos, começou o projeto há poucas semanas com a arquiteta Fabíola Fera, em São Paulo, onde as amigas moram. Como a fotógrafa é gaúcha, trouxe a ideia para Porto Alegre no feriadão de Independência, quando voltou para visitar a família. E foi acolhida até por um dos autores dos versos que propaga. Vocalista da Bidê ou Balde, Carlinhos Carneiro a acompanhou na colagem de um cartaz com uma frase de uma música da sua banda: "Me deixa desafinar, eu tenho direito".
Agora o projeto quer levar a ideia para outras capitais, como Curitiba, Rio de Janeiro e Recife.
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Ao ler o verso "caminhando e cantando e seguindo a canção", Sofia Ronconi, 18 anos, lembrou que a música se tratava de um hino de oposição à ditadura. E bateu saudade da época de colégio, quando aprendeu a tocar a melodia de Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Geraldo Vandré, em uma flauta.
- Às vezes é uma coisa boa, porque a gente se entrega - diz a estudante sobre a intervenção.
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