
Quatro jovens gaúchas conquistaram um prêmio mundial, neste mês, ao desenvolverem um site voltado à segurança das mulheres em espaços públicos.
As estudantes universitárias dos cursos de Tecnologia em Sistemas para Internet Karen dos Santos, 18 anos, de Guaíba, de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Manoela Rivera, 22 anos, de Porto Alegre, de Psicologia Adriane Fernandes, 23 anos, de Novo Hamburgo, e a desenvolvedora de aplicativos Ana Paula Daros, 23 anos, da Capital, produziram o Não Me Calo.
O site registra denúncias e lista o ranking de estabelecimentos comerciais onde ocorrem situações de violência e assédio contra a mulher.
Adriane conta que o quarteto foi desafiado a criar uma ferramenta sobre o tema durante a etapa brasileira do concurso, realizada em Porto Alegre em fevereiro.
- Os grupos se formaram por afinidade de ideias. Tivemos 24 horas para desenvolvermos o projeto do zero. Competimos com outras cinco ideias e ganhamos a etapa brasileira - conta.
Na etapa mundial do concurso Ignite International Girls Hackathon, promovido pela organização internacional Global Fund For Women (Fundo Global para Mulheres), as gaúchas concorreram com ideias de Taiwan, Índia e dos Estados Unidos.
Surpresa
O projeto será desenvolvido por uma equipe profissional, mas o valor da premiação ainda não foi divulgado. Adriane calcula que serão necessários pelos menos R$ 30 mil para desenvolver o site e o projeto em geral.
O anúncio da organização mundial, revela Adriane, surpreendeu as jovens:
- No início, queríamos apenas passar um final de semana desenvolvendo um novo projeto. Jamais imaginávamos que cresceria tanto. Estamos empolgadas.
Denúncias serão anônimas
Por enquanto, o site tem apenas uma versão demo, mas o objetivo do quarteto é colocar no ar em três meses a oficial, traduzida para outros idiomas e aberta para as denúncias. Qualquer tipo de situação de constrangimento público, em qualquer parte do mundo, poderá ser descrita no site.
- Decidimos pelo site porque parece ser uma ferramenta mais democrática e todos terão acesso. Além disso, ele começou sendo apenas para mulheres, mas pessoas de qualquer gênero poderão divulgar. Não terá discriminação e as denúncias serão anônimas - alerta Adriane.
Internet contra a agressão
- O intuito do projeto Não Me Calo é mapear as áreas onde foram registrados assédios, tanto verbais quanto físicos, disponibilizando um espaço de compartilhamento de experiências, com depoimentos, rankings e avaliações dos estabelecimentos que possuem falhas na segurança para mulheres.
- Além de registrar ocorrências de abusos e assédios, as mulheres usuárias do website podem pesquisar registros de outros locais e até responder às ocorrências de outras mulheres, como uma forma de apoio à vítima ou complemento de informações.
- Com base nas informações compartilhadas, os estabelecimentos avaliados poderão ser cobrados para realizarem melhorias na segurança para as mulheres.
- O endereço da versão demo: https://naomecalo.herokuapp.com.