Prestes a completar o primeiro ano de funcionamento, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Serraria, principal obra do Programa Integrado Socioambiental (Pisa) e promessa de devolução da balneabilidade do Guaíba em bairros como Praia de Belas e Vila Assunção, ainda opera abaixo das expectativas, mas contabiliza avanços.
Aumentou de 27% para 50% a quantidade de esgoto da Capital que é tratada e, após 12 meses de monitoramento sobre o impacto do lançamento do esgoto tratado no Guaíba, os resultados indicam que a estação poderá receber a licença definitiva de operação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
ETE Serraria deve receber licença ambiental, mas mau cheiro incomoda
Mesmo em capacidade máxima, estação não despoluirá Guaíba sozinha
No início das operações, em 12 de março do ano passado, e ainda em fase de testes, a ETE Serraria captava uma quantidade de esgoto mínima, algo em torno de 500 litros, que foi aumentando progressivamente. A expectativa era de que, dentro de um ano, chegasse a 2,5 mil litros de esgoto por segundo. Mas, devido a problemas principalmente em duas estações de fornecimento, estão sendo tratados 1,2 mil litros por segundo, o que representa pouco menos da metade do esperado.
Moradores do Menino Deus reclamam da qualidade da água
Entenda como funciona a Estação de Tratamento de Esgoto Serraria * Zero Hora
O engenheiro Valdir Flores, coordenador do Pisa, explica que os números são inferiores à expectativa inicial porque as estações de fornecimento de esgoto da Restinga e de Ipanema ainda não puderam ser interligadas à ETE Serraria, algo que deverá ocorrer nos próximos meses.
- Houve um acidente que atrasou as obras na Restinga, mas acreditamos que até maio elas estejam concluídas. Quanto a Ipanema, tivemos de fazer trocas de equipamentos, o que deve ficar pronto até o final do ano. Com isso, a população notará um impacto positivo, principalmente na orla da região - diz.
O funcionamento pleno da estação, de tratar até 4,1 mil litros de esgoto por segundo e atender a 80% do esgoto da Capital, ainda levará anos - a previsão é de que a ETE Serraria só vai operar com a demanda máxima em 2028.
Conforme o engenheiro André Luiz Lopes da Silveira, diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, um dos grandes impasses para otimizar o tratamento de esgoto da Capital é que, devido a problemas na estrutura de coleta de esgoto nas residências, grande parte dos resíduos não chega às estações de tratamento, e acabam sendo despejados in natura em rios e arroios.
Estima-se que em pelo menos 40% das residências de Porto Alegre seja necessária uma mudança estrutural para que o esgoto seja reconduzido para tratamento. Flores explica que o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) tem trabalhado nessa reorganização da rede e na conscientização da população.