
Com base nos depoimentos tomados até agora, a polícia sustenta que Lucas Alejandro Camargo Rivarola, 21 anos, morto em uma rave no último sábado (29), foi espancado pelos próprios seguranças da festa. O jovem teve os pés e mãos amarrados e apresentava ferimentos na cabeça, braços, pernas.
O delegado responsável pelo caso, Ireno Schulz, aguarda agora a chegada do laudo da necropsia para confirmar se a morte foi causada pelo espancamento ou pelo uso de alguma droga. Cinco seguranças atuavam na festa. O delegado ainda não sabe, porém, quantos deles participaram da agressão.
“Eles espancaram o Lucas, aparentemente, até a morte. O que eu ainda não sei é se ele morreu em razão da agressão. Se foi por causa de uma overdose, temos que ver até que ponto o espancamento contribuiu para a morte”, explica.
A polícia espera concluir o inquérito até a próxima segunda-feira. Os organizadores da festa já prestaram depoimento e também devem ser responsabilizados. A segurança era feita pela empresa Conduta, de Porto Alegre. A reportagem tentou contato pela página do facebook, mas não obteve retorno.
Jovem teria se revoltado com falta de atendimento a mulher que passava mal
Lucas foi para a festa Aquática PVT, em Nova Santa Rita com um casal de amigos. Segundo as investigações, por volta das 3h, ele teria ido ao banheiro e depois disso, não foi mais visto pelo casal.
De acordo com o delegado, a versão contatada por testemunhas é de que ele teria se revoltado com a falta de atendimento a uma jovem que passava mal. Ele pediu auxílio aos seguranças da festa, que a colocaram para fora da festa. Lucas, então, teria se descontrolado e com uma pedaço de madeira, teria quebrado a janela de alguns carros que passavam para chamar a atenção das pessoas. Os seguranças teriam tentado contê-lo e acabaram agredido.
Uma ambulância foi chamada ao local e o jovem chegou a ser encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas, mas não resistiu aos ferimentos.
Amigos dizem que jovem nunca tinha se envolvido em brigas
A amiga de Lucas, Paola Barbosa, se emociona ao lembrar do jovem e garante que ele não tinha histórico de brigas. “Ele era uma pessoa muito boa, gostava de ajudar, é certo que ele só queria ajudar essa menina”, disse ela.
O irmão dele, Pedro Camargo, de 17 anos, diz que o irmão saiu de casa por volta das 23h. Por volta das 7h, a família foi informada do fato por um amigo. “Ele era uma pessoa muito tranquila, costuma ir em raves, mas nunca teve envolvimento em brigas”, afirma.
Os amigos criaram um grupo no Facebook para troca de informações e para buscar justiça. Eles ainda combinam a encomenda de camisetas com a foto de Lucas. Uma caminhada também está sendo organizada para este sábado, ao meio-dia, em frente a prefeitura de Canoas.
Prefeitura considera festa "clandestina"
Em nota, a Prefeitura de Nova Santa Rita disse que em nenhum momento foi comunicada ou teve pedido de autorização para a realização de festa e que, portanto, considera o evento "irregular e clandestino”. O executivo informa, ainda, que não recebeu denúncia de que tal evento estaria acontecendo. Para solicitar autorização de eventos na cidade, é necessário encaminhar os documentos para a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Desenvolvimento, 10 dias úteis antes da data de sua realização.