
O ex-presidente Jair Bolsonaro segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e apresenta "boa evolução clínica", informa o boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star, de Brasília, na manhã desta quarta-feira (16). Segundo o documento, Bolsonaro não apresenta dores, sangramentos ou outras intercorrências.
No X, Bolsonaro compartilhou uma foto em que aparece lendo um documento, sentado em uma cadeira. Na publicação, ele agradeceu pelas mensagens de carinho e comentou a situação atual:
"Graças a Deus, sigo com boa evolução clínica, sem maiores dores, sangramentos ou intercorrências mais graves. Já iniciei sessões de fisioterapia respiratória e motora, caminhando, mesmo que com limitações fora do leito. Ainda não há previsão de alta da UTI, e sigo sob recomendação médica de não receber visitas, a não ser de familiares, neste ainda delicado momento", escreveu.
O novo boletim médico segue o informe anterior, divulgado na terça-feira (15), que reportava que o ex-presidente apresentava "estabilidade clínica" e não se queixava de dores.
Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia para reconstrução de parte do abdômen no domingo (13), procedimento que durou cerca de 11 horas. Dois dias antes, o ex-presidente cumpria agendas em Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, quando passou mal e teve que ser internado.
Desde então, Bolsonaro passou por duas transferências: do interior à capital do Rio Grande do Norte e de Natal à capital federal. A equipe médica que realizou o procedimento no ex-presidente espera que o pós-operatório seja "prolongado".
Fisioterapia
Em vídeo publicado no X, Bolsonaro compartilhou parte da fisioterapia motora que iniciou na terça-feira (15). Com auxílio de enfermeiros, técnicos e médicos, ele aparece caminhando por corredor do hospital.
"Sem desistir" Vamos adiante, Brasil", escreveu na publicação.
Como foi a internação
O ex-presidente foi internado na sexta-feira após sentir fortes dores intestinais enquanto cumpria agendas no Nordeste. Na noite de sábado (12), foi transferido do Hospital Rio Grande, em Natal, para o Hospital DF Star, em Brasília, onde constatou-se a persistência do quadro de suboclusão intestinal. A obstrução intestinal impede ou reduz significativamente a passagem de alimentos, líquidos, secreções digestivas e gases pelo intestino.
Cláudio Birolini, cirurgião geral que acompanha Bolsonaro, explicou no sábado que a suboclusão intestinal é comum em pacientes submetidos a várias cirurgias, como é o caso do ex-presidente. Segundo ele, na maioria dos casos, o quadro é revertido com medidas clínicas, como jejum, descompressão gástrica com sonda e hidratação parenteral. Nos episódios anteriores, a recuperação foi rápida. Desta vez, porém, foi necessária uma intervenção cirúrgica para também remover aderências que estavam atrapalhando a mobilidade do órgão.
Conforme Birolini, a decisão pela cirurgia decorreu também diante da elevação dos marcadores de inflamação (PCR) apresentados pelo ex-presidente. O índice saudável é abaixo de um, mas Bolsonaro chegou a atingir 150, informa o cirurgião.
Não foi culpa do pastel com caldo de cana
Em coletiva na segunda-feira (14), Birolini afirma que o quadro atual do ex-presidente ainda é impacto da facada sofrida em 2018. Ele afasta a possibilidade de haver relação com a alimentação de Bolsonaro, ou com "o fato dele comer pastel com caldo de cana".
— Nós não conseguimos identicar nenhum tipo de alimentação que pudesse ter desencadeado o quadro atual. Uma alimentação muito cheia de fibras e salada, casca de fruta, casca de camarão, pipoca, isso pode realmente desencadear um quadro suboclusivo num paciente com predisposição existente. No momento atual, nós não identificamos nada. O fato dele comer pastel com caldo de cana não afeta isso aí.
Recuperação
A equipe médica informou que Bolsonaro deverá utilizar uma cinta abdominal pelos próximos três meses. Birolini afirma que vai tentar "segurar" o ex-presidente, mas reconhece que Bolsonaro tem uma agenda cheia de compromissos e deixou em aberto a possibilidade de viagens.
A expectativa da equipe médica é que o padrão de vida de Jair Bolsonaro seja superior ao pré-operatório, com restrições apenas nestes momentos iniciais de recuperação.
— A expectativa é que ele volte a ter uma padrão de vida melhor, se alimentar melhor. E a nossa expectativa é que seja sem restrições, exceto agora no pós-operatório imediato, nesses próximos três meses que precisa conter a parede abdominal com cinta.