
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu nesta sexta (7) críticas a seu antecessor Jair Bolsonaro, denunciado por tentativa de golpe de Estado. Lula não mencionou o nome de Bolsonaro, mas a referência foi clara.
— A fábrica da mentira nesse País é divulgada por um presidente da República que esse País teve que eu não quero citar o nome. Ele se diz inocente, mas está pedindo anistia antes de ser julgado. Ele deveria ter coragem de esperar o julgamento, provar sua inocência, antes de ficar pedindo anistia — disse Lula em discurso em visita a assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Campo do Meio, em Minas Gerais.
— Ele, na verdade, está com medo. Porque ele sabe que cometeu um deslize nesse País. Eu nem trato das minhas questões pessoais. Mas ele foi covarde. Tramou um golpe. Tramou a morte de um presidente da República. Tramou a morte do vice. Tramou a morte do presidente da Justiça Eleitoral. E, quando ele não conseguiu, meteu o rabo no meio das pernas e fugiu para Miami. Deixou os parceiros dele aqui. Por isso que ele tem que ser julgado — declarou o petista.
— Ele que tenha a coragem que eu tive. Se é inocente, brigue pela sua inocência, prove que foi inocente —disse Lula, em referencia às vitórias judiciais que o reabilitaram politicamente depois de deixar a prisão, em 2019.
Denúncia da PGR
Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado. Como o processo tramita no STF, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, foi quem recebeu a denúncia.
Os denunciados tiveram o prazo de 15 dias para enviarem resposta escrita à acusação formal para o ministro. O prazo de Bolsonaro terminou nesta quinta-feira (6).
A defesa disse que o julgamento da investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado deve ser realizado no plenário da Corte, e não na Primeira Turma, como tramita atualmente. Além disso, os advogados do ex-presidente reclamaram de restrições ao acesso a provas do inquérito.
Outro pedido da defesa é também que todos os atos sejam anulados desde que o ministro Alexandre de Moraes mandou analisar os dados do celular de seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Após receber as respostas, Moraes poderá liberar o caso para julgamento pelo plenário ou pela Primeira Turma do STF. Os ministros decidirão se aceitam a denúncia, abrindo uma ação penal que tornaria Bolsonaro réu no processo. Caso a ação seja instaurada, ainda caberá recurso da decisão.
A defesa do ex-presidente rebateu a denúncia da PGR chamando-a de "inepta", "precária" e "incoerente". Bolsonaro tem argumentado que o processo não deveria ser conduzido por Moraes e expressou seu desejo de ser julgado pelo plenário do STF.
O ex-presidente tem apostado ainda na tese de que o caso deveria ser remetido à primeira instância, alegando que, após deixar a Presidência, não possui mais foro privilegiado
Anistia
O ex-presidente quer a anistia para todos os presos e condenados pelos atos de 8 de janeiro. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele seria o líder do movimento responsável pela invasão, o que o incluiria no grupo de possíveis beneficiários da anistia. Especialistas apontam que, se concedido o pedido, a situação judicial de Bolsonaro pode melhorar.