
Deputadas denunciaram nesta quinta-feira (20), o senador Plínio Valério (PSDB-AM) ao Conselho de Ética do Senado após o parlamentar afirmar ter tido vontade de enforcar Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Conforme o grupo, composto por nove parlamentares e o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede-PE), a fala do senador desqualifica o debate político, incita à violência e não pode ser relativizada.
"O teor de sua fala ultrapassa os limites da imunidade parlamentar, uma vez que não possui qualquer relação com sua atuação como representante do Estado do Amazonas, mas, sim, um evidente caráter de violência de gênero", afirma o documento.
Na última sexta-feira (19), durante um evento da Fecomércio no Estado do Amazonas, Valério falou sobre a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs e questionou:
— Imagina vocês o que é ficar com a Marina seis horas e 10 minutos sem ter vontade de enforcá-la?.
Na denúncia enviada ao conselho, o grupo afirmou que a fala "minimiza e desqualifica a presença da ministra Marina Silva no cenário político".
Além disso, "também reforça um discurso de incitação à violência contra a mulher, um crime tipificado na legislação brasileira e que tem sido amplamente combatido, sobretudo no contexto da política nacional".
O senador comentou sua fala na quarta (19), dizendo que fez uma brincadeira.
— Todo mundo riu, eu ri (...) Foi brincadeira. Se você perguntar: "você faria de novo?" Não. Mas se arrependo? Não. Foi uma brincadeira. Agora, o que me encanta é o Senado ficar sensibilizado com uma frase — afirmou Valério.
O senador ainda disse que tratou Marina com "delicadeza" por ela ser "mulher, ministra, negra e frágil".
— Me acusar de machismo é até engraçado. O meu perfil está lá, é só olhar: eu fiquei viúvo, uma mulher, casei de novo, duas. Tenho três filhas, uma enteada, seis netas, três irmãs — disse.
Repreendido por Alcolumbre
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou a fala do parlamentar e classificou a declaração como inadequada e agressiva.
— Não concordo com muitas posições ideológicas da ministra em relação ao país, mas acho que o meu querido colega, senador Plínio Valério, precisa fazer uma referência em relação a essa fala, até mesmo justificar se foi uma fala equivocada — disse.
Assinaram o documento as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ), Duda Salabert (PDT-MG), Enfermeira Ana Paula (Podemos- CE), Gisela Simona (União Brasil -MT), Jandira Feghali (PC do B - RJ), Laura Carneiro (PSD-RJ), Maria Arraes (Solidariedade - PE), Tabata Amaral (PSB-SP), Talíria Petroni (Psol - RJ), além do deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE).