
Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann assumiram como ministro da Saúde e ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. A cerimônia de posse aconteceu na tarde desta segunda-feira (10), no Palácio do Planalto.
O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, de ex-ministros da Saúde e do ex-presidente José Sarney.
A mudança faz parte da reforma ministerial que o chefe do Executivo realiza com foco em frear sua queda de popularidade e preparar a gestão para a reeleição petista em 2026. A expectativa é de que haja trocas em cerca de 10 pastas.
Com perfil combativo e de fidelidade a Lula, integrantes do governo avaliam que a nova ministra adotará uma postura de governo mais dura e defensiva em relação à gestão federal, que será caminho considerado essencial para o governo trilhar para 2026. Outro ponto que seu perfil agregará, segundo aliados petistas, é em relação à negociação das emendas parlamentares, pivô da atual crise política entre os Poderes.
— Estas e outras transformações (políticas raciais e de gênero e de investimento público) foram muito grandes e vão continuar. Porque é um projeto vencedor e vai continuar vencendo — disse Gleisi, ao relembrar das ações dos governos anteriores de Lula e Dilma na presidência da República.
Na opinião de deputados do Centrão, o ministério das Relações Institucionais deveria ser ocupado por um nome com mais trânsito entre as diferentes forças políticas, o que já não era visto com Padilha.
Porém, para interlocutores do Palácio do Planalto, Gleisi deverá amenizar seu perfil, uma vez que estará submetida agora ao chefe do Executivo, e não mais será a presidente do PT. A expectativa de aliados é que a parlamentar passe a evitar críticas que possam prejudicar o governo, mas não deve abandonar sua atividade nas redes sociais em defesa da gestão federal.
Neste sentido, Gleisi disse entender como se faz articulação política:
— Aprendi que a política é um exercício de coerência e compromissos com valores e que devemos fazer política para somar reconhecendo as diferenças. Respeitando adversários, construindo alianças, cumprindo acordos legitimados no interesse maior do país e da população. Ninguém faz nada sozinho.
Ao final do discurso, a nova articuladora política do governo se dirigiu aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado:
— Presidente Hugo, presidente Alcolumbre. Com vocês quero manter a relação respeitosa. Franca, solidária e direta. Não tenham dúvidas. Estarei sempre aqui pra conversar, ouvir críticas e acolher sugestões.
Haddad em risco?
Uma das principais preocupações com sua nomeação foi a situação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A nova titular da articulação política é crítica da agenda econômica liderada pelo ministro. Sob o comando da deputada, o PT aprovou em dezembro de 2023 uma resolução que chamou a proposta de contenção de gastos do ministro de "austericídio fiscal". O documento representou a posição institucional do partido, mas teve o conteúdo endossado por Gleisi.
Apesar disso, integrantes da gestão afirmam que Haddad não está enfraquecido nos olhos de Lula, mas que permanece com força na gestão federal. Com as rusgas entre os dois, interlocutores acreditam que Gleisi deverá obediência ao presidente e, por conta disso, evitará críticas ao ministro. Para o governo, isso seria visto como uma deslealdade.
Padilha: meta é reduzir tempo de espera de atendimento especializado

O ministro Padilha afirmou que seu mandato no Ministério da Saúde tem como compromisso e foco a melhoria do atendimento especializado na saúde pública.
— Chego com uma obsessão: reduzir o tempo de espera para quem precisa de atendimento especializado neste país — disse o ministro.
Padilha declarou que volta ao ministério "ainda mais cheio de energia do que primeira vez". Também disse que "não há solução mágica para reduzir tempo de espera".
O novo ministro afirmou que terá "lealdade e dedicação integral" ao presidente Lula e disse que "nada deixa mais feliz um médico do que ser pela segunda vez ministro da Saúde".
Padilha também destacou o trabalho de sua antecessora, ressaltando que ela foi fundamental para fortalecer as políticas de saúde pública, as quais, segundo ele, foram enfraquecidas durante o governo de Jair Bolsonaro.
— Nísia, o Brasil agradece a você e a sua equipe pela reconstrução do Ministério da Saúde após anos tão sombrios — disse o ministro.
A ex-ministra da saúde foi a primeira a falar. Ela parabenizou o sucessor e Gleisi, e se despediu da pasta falando dos ataques misóginos sofridos e sobre seu legado:
— Tenho orgulho de falar que fui ministra do SUS — disse Nísia.
Quem é Alexandre Padilha
Nascido em São Paulo (SP), Alexandre Rocha Santos Padilha tem 53 anos. Ele ocupava até então o cargo ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, que agora será ocupado por Gleisi.
Médico infectologista formado pela Universidade de São Paulo (USP), Padilha é doutor em Saúde Pública pela Universidade de Campinas (Unicamp). Também atua como professor universitário.
Foi ministro da Saúde durante o governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014. Padilha já havia trabalhado com Lula como ministro-chefe de Relações Institucionais entre 2009 e 2010. No terceiro mandato do petista, o médico voltou ao cargo, que ocupa desde 2023.
Projetos na saúde
Padilha é um dos responsáveis por elaborar e estabelecer o Mais Médicos, programa criado para enviar profissionais de saúde especializados para municípios interioranos. O projeto foi implementado no governo Dilma, quando Padilha era ministro da Saúde.
Também durante o governo Dilma, Padilha expandiu o programa Farmácia Popular. O ministro incluiu remédios para os tratamentos de hipertensão e diabetes na lista de medicamentos fornecidos gratuitamente pelo programa.
Quem é Gleisi Hoffmann

Nascida em Curitiba (PR), Gleisi Helena Hoffmann tem 59 anos. Até então, ocupava o cargo de deputada federal e presidia o diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). Com sua saída, Humberto Costa assume interinamente a presidência da sigla.
Formada em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gleisi já atuou como secretária de Estado no Mato Grosso do Sul e no Paraná. Também foi ministra-chefe da Casa Civil durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff e ocupou um cargo de diretoria na Itaipu Binacional.
No Congresso, foi a primeira mulher eleita para o Senado pelo Paraná, onde exerceu mandato entre 2011 e 2019. Desde então, ocupava o cargo de deputada federal, que agora deixa para assumir um novo desafio no governo.
Atuação política
Gleisi assume a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, órgão responsável pela articulação do Palácio do Planalto com o Congresso e demais entes federados.
Trabalhou no primeiro mandato do governo Lula como integrante da equipe de transição, atuando diretamente na articulação política. Com experiência no Legislativo, tanto como senadora quanto como deputada federal por dois mandatos, tem familiaridade com os bastidores do Congresso e a atual formação da Casa.
— É dessa forma que espero corresponder à confiança do presidente, em uma construção conjunta com os partidos aliados, o Congresso Nacional e demais instituições — afirmou Gleisi ao ser anunciada como nova ministra.