Ricardo Nunes (MDB) foi eleito prefeito de São Paulo, no segundo turno na capital paulista, neste domingo (27). Líder durante toda a apuração, o candidato do MDB recebeu 59,35% dos votos válidos (3.393.110).
Após o resultado, o vencedor agradeceu o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e citou frases de Bruno Covas, prefeito da capital paulista que morreu em 2021 e foi substituído por Nunes.
— O equilíbrio venceu todos os extremismos e o trabalho venceu a retórica das ideologias, das falas rasas. Minha candidatura mostrou que São Paulo prefere o caminho seguro. Essa eleição foi o reconhecimento das nossas políticas públicas. Vou retribuir a confiança com a minha gratidão e muito mais trabalho — disse.
A vitória matemática do eleito ocorreu quando 89,78% das urnas haviam sido apuradas. A contagem chegou a 100% às 19h39min.
O adversário de Nunes, Guilherme Boulos (PSOL), contabilizou 40,65% (2.323.901 votos). Ele acompanhou a apuração na Casa de Portugal, na região central de São Paulo. Foi no prédio histórico que ele discursou para aliados da campanha e eleitores, a quem agradeceu o apoio no pleito.
— Perdemos a eleição, mas, nesta campanha, recuperamos a dignidade da esquerda brasileira. Mostramos que é possível fazer política de outra forma, olho no olho, debatendo com a mente aberta, nas praças, nas ruas. Espero que o povo de São Paulo e do Brasil tenha forças para evitar o pior. Nossa luta não começou hoje e não acaba aqui — afirmou.
A eleição deste domingo teve 6.382.084 votos, dos quais 5.717.011 válidos (89,58%), 430.756 nulos (6,75%) e 234.317 em branco (3,67%). A abstenção foi de 31,54% ou 2.940.360 eleitores.
Quem é o vencedor
Ricardo Nunes tem 56 anos e é natural de São Paulo. Em 2020, foi eleito o vice-prefeito da capital paulista. Em 2021, quando o prefeito Bruno Covas morreu, Nunes assumiu a administração da cidade. Antes disso, o político havia sido vereador por dois mandatos (2012 e 2016).
Eleição conturbada
O resultado de domingo encerrou uma disputa cercada de polêmicas, com acusações e agressões verbais e físicas. Durante a campanha no primeiro turno, José Luiz Datena (PSDB) agrediu Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada em um debate na TV Cultura. Marçal foi levado para atendimento hospitalar, com uma fratura na costela, segundo a equipe dele.
O ataque ocorreu após o empresário chamar o apresentador de “Jack”, uma gíria para estuprador, utilizada no sistema prisional. O concorrente do PRTB se referia a uma denúncia de assédio sexual feita contra Datena por uma repórter da Band, na qual o candidato do PSDB apresentava um programa. Esse processo foi extinto sem condenação contra Datena.
Outro episódio de violência envolveu Nahuel Medina, assessor de Marçal, que agrediu Duda Lima, marqueteiro de Nunes, com um soco no rosto durante debate entre os candidatos no Flow Podcast, em setembro. Na sexta-feira anterior ao primeiro turno, o candidato do PRTB publicou, no Instagram, um laudo para acusar Boulos de usar cocaína.
A campanha de Boulos negou o fato e apresentou uma ação e uma notícia-crime contra Marçal. O juiz da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, Rodrigo Marzola Colombini, determinou que Marçal e outros perfis apagassem postagens com informações sobre o documento, devido a indícios de falsificação.
Durante os debates, Marçal ainda mencionou um boletim de ocorrência registrado em 2011 pela mulher de Nunes, por violência doméstica, enquanto Datena e Tabata levantaram suspeitas de uma vinculação de Marçal com a facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).
No dia do segundo turno, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que havia uma ordem do PCC para que pessoas de determinadas regiões do município de São Paulo votassem no candidato do PSOL.
A tática teria sido observada em mensagens da facção que incentivavam votos em Boulos. Tarcísio, porém, não apresentou provas nem se aprofundou sobre o assunto. O candidato do PSOL chamou a declaração de “irresponsável e mentirosa” durante coletiva de imprensa.
Sobre o episódio, o Ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias, disse que a declaração do governador de São Paulo "compromete os princípios republicanos" e que as autoridades não podem ignorar a falta de Tarcísio.
Secretário de Segurança Pública do governo Lula, Mário Luiz Sarrubbo afirmou que inteligência não detectou "orientação de facção a candidatos".