A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro aprovou 57 requerimentos nesta quinta-feira (24), com convocações e quebras de sigilos bancários, fiscais, telemáticos e telefônicos de uma série de pessoas investigadas pelo colegiado.
Entre os alvos está a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que teve os sigilos telefônico e telemático quebrados. A CPI ainda convocou novamente o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro — é a segunda convocação de Cid na comissão.
Na segunda parte da sessão da manhã desta quinta, a comissão ouve o depoimento do sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-assessor de Bolsonaro.
Requerimentos aprovados
- Quebra do sigilo telefônico e telemático da deputada Carla Zambelli (PL-SP);
- Relatório de Inteligência Financeira (RIF) da deputada Carla Zambelli;
- Quebra do sigilo telefônico e telemático de Bruno Zambelli, irmão da deputada;
- Quebra do sigilo telefônico e telemático de Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro;
- Quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do hacker Walter Delgatti Neto;
- Reconvocação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Convocação de Osmar Crivelatti;
- Pedido ao Exército para que forneça processos, sindicâncias e inquéritos instaurados para investigar militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto;
Zambelli e Delgatti
A solicitação de acesso aos sigilos de Carla Zambelli passou a ser respaldada após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto perante a comissão, onde ele a apontou como a pessoa responsável por ordenar a invasão dos sistemas do Judiciário.
Zambelli também é mencionada como tendo facilitado um encontro entre Delgatti e o ex-presidente Bolsonaro, no qual supostamente debateram maneiras de possivelmente manipular o código-fonte das urnas eletrônicas antes das eleições do último ano.
A decisão de autorizar a quebra de sigilo resultou em uma acalorada discussão entre os parlamentares da base e da oposição no dia de terça-feira (22). Embora a reunião tenha ocorrido a portas fechadas para a imprensa, diversos momentos foram audíveis com os parlamentares levantando suas vozes.
Os apoiadores de Bolsonaro se opuseram à medida e insistiam apenas na convocação da deputada. A disputa resultou no adiamento da sessão ocorrida na terça-feira passada.
Na quarta-feira (23), o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), incluiu o requerimento na agenda. Ele explicou:
— Eu penso que, depois daquele depoimento do hacker, é importante que isso seja colocado, né? Havia vários requerimentos nesta direção (de quebra de sigilo de Zambelli).
Reconvocação de Cid
Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid já foi convocado a prestar depoimento perante a CPI, principalmente para esclarecer as mensagens de teor golpista encontradas em seu telefone celular. Contudo, durante sua participação, ele optou por não se manifestar.
A partir desse momento, surgiram relatos de que Cid teria supostamente se envolvido em tentativas de comercializar joias que foram recebidas pelo governo brasileiro durante viagens oficiais. Diante dessas alegações, membros da CPI passaram a advogar por um segundo depoimento por parte dele.
Se optar por permanecer em silêncio novamente, ele terá que recorrer novamente ao STF. Além disso, nesta quinta-feira, ele também está agendado para testemunhar perante a CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal.