Morreu nesta quarta-feira (10), o ex-prefeito e vereador de Porto Alegre João Dib. Ele tinha 93 anos e foi o último gestor da Capital durante a ditadura militar. O velório será nesta quinta-feira (11), das 14h às 18h, no Salão Nobre do Paço Municipal.
Nascido em 24 de julho de 1929, em Vacaria, João Antônio Dib foi engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi servidor público municipal, secretário. Foi prefeito de 7 de abril de 1983 a 1º de janeiro de 1986, por indicação do governador Jair Soares (PDS), pois durante a ditadura militar, os prefeitos das capitais não eram eleitos.
Dib foi eleito como vereador da Capital pela primeira vez para o mandato iniciado em 1973, e seguiu ocupando o posto no Legislativo pelos quatro anos iniciados em 1977, 1983, 1989, 1993, 1997, 2001, 2005 e 2009.
Na legislatura de 1969 a 1972, foi eleito 1º suplente de vereador. Nesse período, assumiu o exercício da vereança em substituição e integrou a Comissão de Justiça, entre 1971 e 1972. De 2 de janeiro de 2003 a 5 de janeiro de 2004, Dib presidiu a Câmara Municipal.
Após 10 legislaturas, Dib deixou a política em 2012. Resolveu não concorrer mais em razão da idade e da crescente dificuldade de locomoção causada por um tiro que levou durante um assalto aos 39 anos, em 1968, que o obrigou a utilizar cadeira de rodas por mais de duas décadas.
O ex-prefeito estava internado há alguns dias no Hospital Moinhos de Vento, na Capital. A causa da morte não foi divulgada.
Cidadão presente
Mesmo após deixar a vida pública, enquanto a saúde permitiu, Dib continuou frequentando a sede do Legislativo semanalmente, às quartas-feiras, para almoçar com a bancada do PP. Respeitado, ele seguia sendo requisitado para debater assuntos da cidade com frequência.
Em sua trajetória política, Dib nunca mudou de partido, tendo integrado a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que se transformou no Partido Democrático Social (PDS), no Partido Progressista Reformador (PPR), depois no Partido Progressista Brasileiro (PPB) até chegar ao atual Partido Progressista (PP).
Em entrevista a GZH logo após sua saída da Câmara, em janeiro de 2013, Dib, que defendeu o regime militar (1964-1985), criticou os excessos de leis, partidos, municípios, deputados, senadores e vereadores.
— A política se complicou. Sou adepto da simplificação. Eu entrei na Câmara com 21 vereadores e tenho a convicção de que funcionava muito melhor do que agora, porque se chegava ao fim do ano com todos os projetos votados, e não havia essa quantidade imensa de propostas que se faz agora. Em 2012, votamos projetos de 2007 — disse à época.
Luto oficial
Pelas redes sociais, o prefeito Sebastião Melo decretou luto oficial de três dias na Capital. "Com dor no coração recebemos a notícia do falecimento do grande João Antônio Dib. Mais que líder político e exemplo de gestor público, foi meu amigo do peito. Viveu longa e boa vida e deixou honrosos valores plantados", escreveu Melo.