Políticos que conviveram com João Dib lamentaram, na noite desta quarta-feira (10), a morte do ex-prefeito de Porto Alegre. Aliados e até ex-adversários lembram de Dib como um "homem sério, honrado e cumpridor de acordos".
O presidente do PP estadual, Celso Bernardi, lamentou a partida de Dib.
— Foi um grande político, um grande prefeito, o vereador com maior número de mandatos. Mas acima de tudo, ele era um exemplo, uma referência ética. Um homem de seriedade e um bom gestor. A cidade deve muito a ele — pontua Bernardi.
O vereador Hamilton Sossmeier (PTB), presidente da Câmara de Vereadores da Capital, também lamentou a perda. Ele descreve o ex-prefeito como um parlamentar “inteligente, trabalhador, respeitador e agregador” e “firme nas suas posições”. Ele comenta que na homenagem aos ex-prefeitos na Casa, realizada na última semana, ele foi o único dos que ainda estão vivos que não compareceu, pois já estava hospitalizado.
— Para Porto Alegre é uma perda lamentável. A história dele é sobre ser uma pessoa não somente inteligente, mas equilibrada, que tinha o seu posicionamento firme em relação a projetos e não a pessoas — comenta Sossmeier.
Jair Soares (PP) lembrou que foi contemporâneo de Dib em cargos e funções da administração municipal durante o governo de Telmo Thompson Flores (Arena). Mais tarde, já como governador do Estado, Soares indicou Dib para prefeito de Porto Alegre. A indicação foi aprovada pela Assembleia Legislativa, como era previsto nos anos finais da ditadura. Soares e Dib ainda foram contemporâneos na Câmara Municipal da Capital: sentavam lado a lado no Legislativo.
— Era um dos meus grandes amigos, muitas vezes trocamos conselhos. Um homem com grande caráter, personalidade. Tinha um ânimo e desejo de servir inigualável — recorda Soares.
Abalado com a notícia, o ex-prefeito Guilherme Socias Villela (PP) antecedeu a gestão de Dib na prefeitura de Porto Alegre. Os dois conviveram de forma próxima nas últimas décadas. Villela observa que Dib ocupou uma série de cargos da administração municipal e era um "conhecedor profundo" da prefeitura.
— Dib era um engenheiro e funcionário público perfeito, foi um vereador e prefeito exemplar. Era meu amigo pessoal, estou muito sentido, estamos todos tristes. Ele era discreto, honesto, cumpridor dos seus deveres. Era um irmão mais velho — resume Villela.
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra (PP) também lamentou a perda. Dib foi vice da chapa encabeçada por Turra em 2006, quando disputaram a eleição para governador do Estado pelo PP e chegaram ao quarto lugar no primeiro turno, com 412.767 votos.
— Um político diferenciado. Bom caráter, respeito ao eleitor e, para coroar, um homem de palavra. Concorremos por ideal, sabendo que seria difícil, mas nunca esmorecendo. Mesmo de cadeira de rodas, mandava cartas, bilhetes e sempre com mensagens de paz.
Ex-presidente da Câmara Municipal, a vereadora Mônica Leal (PP) conta que Dib foi um dos grandes incentivadores de sua trajetória política. Mônica atuou como assessora da bancada do PP na mesma época em que ex-prefeito exerceu a vereança na Capital. A vereadora lembra que o Dib também era amigo próximo de seu pai, Pedro Américo Leal.
— Foi meu grande amigo, parceiro, incentivador da caminhada política. Foi um cidadão maravilhoso, de coração enorme, um homem íntegro, político de posições, ético, respeitador. Tu sabias o que vinha dele, é diferente de hoje. É uma velha guarda da política que faz falta.
Embora divergisse ideologicamente de Dib, o vereador Pedro Ruas (PSOL) também era amigo do ex-prefeito. Durante o governo de José Fogaça (na época, no PPS), os dois ocuparam funções de destaque e antagônicas na Câmara Municipal. Enquanto Dib liderava o governo, Ruas era o líder da oposição.
— Nos respeitávamos muito. Divergíamos, mas tínhamos respeito um pelo outro. Dib era um cara engraçado, gostava de debochar, mas era muito sério na política. Ele jamais descumpria acordo. Eu sou um homem de extrema-esquerda e o Dib foi um cara de direita, e nós tínhamos no nível pessoal um entendimento muito grande.