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O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar na madrugada da terça-feira (18) as primeiras denúncias oferecidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre envolvidos nos atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro.
A tendência é que o STF receba as denúncias, pois os ministros têm defendido publicamente a responsabilização dos envolvidos nas ocorrências. Durante as invasões, os manifestantes deixaram um rastro de destruição no Palácio do Planalto, no Congresso e no próprio Supremo.
O julgamento foi marcado em uma sessão extraordinária no plenário virtual. Nessa modalidade, os ministros não se juntam para debater os processos. O voto é registrado na plataforma online, sem reunião do colegiado.
A votação fica aberta entre 0h de terça-feira (18) e 23h59min da próxima segunda-feira (24). Se as denúncias forem aceitas, os manifestantes se tornam réus, ou seja, o processo é iniciado.
Nesse caso, um eventual julgamento sobre a condenação não tem prazo para ocorrer — o que depende da coleta de provas e depoimentos, alegações da defesa e da acusação, e outros procedimentos de praxe na ação penal.
A PGR denunciou mais de 1,3 mil pessoas. Por causa do volume, o STF decidiu reunir as cotas em blocos. Neste primeiro julgamento, os ministros analisam cem denúncias. A Corte ecidiu priorizar as acusações contra os manifestantes que ainda estão presos preventivamente.
As primeiras denúncias pautadas atingem manifestantes que teriam participado diretamente dos atos de vandalismo, e outros apontados como "autores intelectuais" dos protestos golpistas. Eles podem responder por oito crimes:
- Associação criminosa (artigo 288)
- Abolição violenta do estado democrático de direito (artigo 359-L)
- Golpe de estado (artigo 359-M)
- Ameaça (artigo 147)
- Perseguição (artigo 147-A, inciso I, parágrafo 3º)
- Incitação ao crime (artigo 286)
- Dano e dano qualificado (artigo 163)
- Deterioração de patrimônio tombado (artigo 62 da Lei 9.605/1998)
As denúncias são assinadas pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, escalado para chefiar o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos na PGR, criado especialmente para coordenar as investigações sobre o 8 de janeiro.
Além dos vândalos e dos "autores intelectuais", a PGR também investiga outras duas frentes: financiadores e autoridades coniventes com os radicais. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá ser ouvido nos próximos dias.