A Polícia Federal (PF) vai tomar o depoimento de cerca de 80 militares sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando radicais invadiram e depredaram as dependências do Supremo, Planalto e Congresso. As oitivas serão realizadas nesta terça-feira (11) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Entre os militares a serem ouvidos está o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que era chefe do Comando Militar do Planalto no dia 8 de janeiro.
As diligências são realizadas no bojo da investigação sobre a participação de policiais militares e membros das Forças Armadas nos atos golpistas. A apuração tramita em sigilo no STF e foi instaurada após pedido da Polícia Federal para investigar a "autoria e a materialidade de eventuais crimes cometidos por integrantes das Forças Armadas e Polícias Militares".
A decisão de abrir o inquérito, perante o Supremo, chancelou a competência da Corte máxima para julgar os militares envolvidos na ofensiva antidemocrática. No despacho, Moraes ponderou que as suspeitas não envolvem "crimes militares" e sim "crimes de militares".
A medida que as investigações sobre os atos golpistas vão avançando, fecha-se o cerco para diferentes grupos ligados à ofensiva radical.
Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) finalizou as denúncias relativas aos presos na Praça dos Três Poderes — considerados executores do vandalismo — e aos detidos no dia 9 de janeiro, no acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília — classificados como incitadores.
Ao todo, 1.390 denúncias foram apresentadas ao STF. Até o momento, as acusações atingem 239 investigados apontados como executores dos atos de vandalismo, 1.150 incitadores da ofensiva extremista e um policial legislativo acusado de suposta omissão ante a depredação das sedes dos três poderes.