Os oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) investigados na Operação Lesa Pátria, que mira os atos golpistas de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, afirmaram que o Exército impediu a desmobilização do acampamento montado em frente ao Quartel General em Brasília.
As declarações foram dadas em depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) pelo coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, pelo major Flávio Silvestre de Alencar e pelo tenente Rafael Pereira Martins, presos durante a ação; e pelo comandante Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, alvo de um mandado de busca e apreensão nesta semana.
Os relatos confirmam o que já havia sido dito pelo governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e pelo ex-secretário de Segurança Anderson Torres, que está preso preventivamente na investigação.
Torres chegou a dizer que, após a tentativa de atentado terrorista no dia 24 de dezembro, quando extremistas tentaram explodir uma bomba perto do aeroporto de Brasília, ele passou a considerar o local como um potencial "foco de criminosos".
O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, que era chefe do Departamento Operacional da corporação, setor responsável pelo planejamento da operação de segurança para o 8 de janeiro, disse que houve "diversas reuniões" para desmontar o acampamento. "O Exército frustrou todos os planejamentos e tentativas", disse no depoimento. Ele estava de licença no dia em que os radicais invadiram os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), do Planalto e do Congresso.
O comandante Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, que substituiu o coronel no cargo, declarou que a PM do DF chegou a mobilizar 500 agentes para desmontar o acampamento. "Não houve entendimento com o Exército para prosseguimento da referida operação", afirmou ao acrescentar que não tinha mais detalhes das negociações.
Conforme avaliação do major Flávio Silvestre de Alencar e do tenente Rafael Pereira Martins, o efetivo mobilizado no dia 8 de janeiro não era suficiente para conter os manifestantes.
A Operação Lesa Pátria se tornou permanente, e as investigações contam com atualizações periódicas acerca do número de ordens judiciais expedidas, pessoas capturadas e foragidas.