![Gustavo Mansur / Palácio Piratini Gustavo Mansur / Palácio Piratini](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/4/4/8/6/7/9/2_7bb2445c2fa1dfd/2976844_67b952437615ce6.jpg?w=700)
Apesar de ainda não ter assumido publicamente a disposição de concorrer novamente ao Piratini, uma série de encontros, anúncios e gestos nos últimos 77 dias levam a crer que Eduardo Leite irá oficializar a pré-candidatura na próxima segunda-feira (13), após a reunião da executiva estadual do PSDB, marcada para o meio-dia, em Porto Alegre. A principal dúvida que persiste até este domingo (12) é se Leite terá o apoio do MDB, que lançou Gabriel Souza como pré-candidato e ainda reluta em abrir mão da candidatura própria.
— Está acontecendo o que eu disse que aconteceria, que a base seria ouvida e que isto teria o seu tempo. Quem está conduzindo o debate interno é o presidente Fábio Branco — afirmou Germano Rigotto à reportagem, no sábado (11).
— O debate interno do MDB realmente já começou, muitos estão se manifestando. O MDB realmente seguirá aquilo que a sua maioria apontar. Mas talvez até o debate seja desnecessário. Eu, sinceramente, não sei por qual posição o ex-governador Eduardo Leite irá se definir amanhã, segunda-feira, nem posso dizer se isso irá acelerar o debate ou não. O debate interno do MDB independe dessa definição — avalia o ex-senador José Fogaça, defensor do diálogo entre as forças de centro.
Desde a renúncia de Eduardo Leite até a reunião marcada para esta segunda-feira, que deve selar oficialmente o nome do ex-governador como concorrente ao governo do Estado, GZH traçou os passos do tucano e as principais decisões de PSDB e MDB, partidos chave nesta intricada equação.
1. Em 28 de março, Leite convocou uma coletiva de imprensa. Num comunicado carregado de emoção, renunciava ao governo do Estado em busca do sonho presidencial. "A renúncia não me tira nenhuma possibilidade, e me oferece todas", disse naquele momento. Três dias depois transmitiu o cargo a Ranolfo Vieira Júnior.
![Roberto Castello / Divulgação Roberto Castello / Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/4/3/5/4/6/2/2_cc8d0b21fa03e2d/2264534_52cf103fb4fd196.jpg?w=300)
2. Em 4 de abril, em entrevista à Rádio Eldorado, Leite indicou que aceitaria ser vice da pré-candidata à Presidência Simone Tebet. Dois dias depois, o ex-governador e a senadora se reuniram em Brasília e trocaram elogios mútuos.
3. Corta para a metade de abril: no dia 14 daquele mês, o presidente do MDB no Rio Grande do Sul, o deputado estadual Fábio Branco, e o pré-candidato do partido ao Piratini, Gabriel Souza, se reuniram com Leite e o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, que é o 1º vice-presidente do PSDB estadual. O encontro foi no novo apartamento do ex-governador na Capital, em uma pausa na agenda nacional no feriado de Páscoa. Oficialmente, o tema do encontro foi a sucessão no Estado. Naquele momento, Leite ainda tentava se cacifar para a disputa nacional.
![Ester Espíndola / Divulgação Ester Espíndola / Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/5/0/5/1/6/3/2_df86530fc060a6e/2361505_43aa83d4192c902.jpg?w=300)
4. No dia 22 de abril, em meio ao feriadão de Tiradentes, Leite lançou uma nota abandonando a disputa que era travada internamente no PSDB. Leite abria mão de rachar ainda mais o partido, uma vez que João Doria, o vencedor das prévias seguia irredutível na sua pretensão de ser o candidato tucano ao Planalto. Houve quem entendesse, naquele momento, inclusive dentro do MDB, que a postura de Leite era um recuo estratégico para voltar ao páreo assim que Doria fosse forçado a desistir da candidatura. No entanto, a previsão não se confirmou e o ex-governador não voltou para a disputa nacional.
5. Logo na semana seguinte, Leite deu entrevista ao podcast Zona Eleitoral, do Grupo RBS, dizendo que temia o retorno do populismo ao Rio Grande do Sul. Na sequência, o tucano começou a viajar para o interior do Estado para defender o “legado” de seu governo. Na prática, Leite passou a cumprir agenda de pré-candidato a governador.
![Joel Vargas / Divulgação Joel Vargas / Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/2/5/7/3/3/7/2_2927c4620966bae/2733752_f0178a82a6d28ab.jpg?w=300)
6. Em maio, no dia 5, Simone Tebet veio ao Estado e se encontrou com o tucano no South Summit. Uma semana depois, diante do silêncio de Leite, cresceram os rumores no MDB de que o ex-governador poderia se lançar novamente ao Piratini. A possibilidade ganhou ainda mais força no dia 23 de maio, quando Doria desistiu da pré-candidatura ao Planalto e Leite, questionado pela colunista Rosane de Oliveira, evitou falar sobre a sucessão presidencial e limitou-se a dizer que estava com a atenção voltada para o Rio Grande do Sul.
7. Dois dias depois da saída de Doria, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirmou ao Estadão que o PSDB aceitaria apoiar a candidatura de Simone, mas exigia a reciprocidade do MDB no RS, no Mato Grosso do Sul e em Pernambuco. Na mesma data, Branco respondeu que o MDB gaúcho mantinha a candidatura de Gabriel, e que “o resto era especulação”. Desde então, iniciou-se um processo de lenta negociação e diálogo entre as partes, com as direções nacionais de PSDB e MDB trabalhando pela aliança dos partidos no Estado.
8. Em 1º de junho, os tucanos encaminharam o nome do senador Tasso Jereissati (PSDB) para vice de Simone, sinal de que começava a tomar forma a composição nos Estados. Na mesma semana, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, telefonou para o ex-governador Germano Rigotto e pediu o empenho do emedebista para avançar nas discussões com o PSDB e Leite. Rigotto é coordenador do plano de governo de Simone, ao lado do ex-senador José Fogaça (MDB). Já Simone ligou para Pedro Simon, emedebista histórico, também no sentido de destrinchar a aliança no Estado.
9. Na última terça-feira, dia 7, Baleia escreveu no Twitter que ele e Simone conversaram com Branco, chefe do diretório gaúcho do MDB.
10. Na quarta, dia 8, Rigotto e Fogaça publicaram textos em favor do diálogo com o PSDB, em gestos que foram interpretados como acenos à composição com Leite.
11. Na quinta, dia 9, após reunião tensa da executiva nacional do PSDB que durou cerca de cinco horas, Araújo disse aos jornalistas que o partido decidiu apoiar Simone. A votação da executiva terminou com 33 votos a favor, um contra, do deputado Aécio Neves, e uma abstenção, do ex-prefeito e ex-deputado Nelson Marchezan. O presidente do PSDB no RS, Lucas Redecker, votou a favor. A decisão dos tucanos foi interpretada por emedebistas como um aviso de que há sinal verde na eleição gaúcha para selar o acordo nacional.
12. Ainda na quinta, GZH informou com exclusividade que o PSDB estadual irá se reunir na nesta segunda-feira, dia 13, na sede do partido em Porto Alegre. A expectativa é de que Leite seja confirmado como pré-candidato ao Piratini no lugar do atual governador, Ranolfo. Leite e Ranolfo têm conversado com frequência, e o governador sempre disse que não seria empecilho caso o antecessor decidisse concorrer ao cargo novamente.