O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) informou a seus colegas, por meio de ofício circular enviado nesta quinta-feira (18), que decidiu reassumir seu mandato na Casa. Em outubro do ano passado, o parlamentar foi flagrado com dinheiro na cueca e é acusado de desviar recursos destinados ao combate à covid-19 em Roraima.
A licença solicitada por ele na ocasião terminou nesta quarta-feira (17) mesmo dia em que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu não prorrogar o afastamento do senador.
No ofício aos colegas, o ex-vice-líder do governo no Senado se defendeu das acusações de que os R$ 33.150 que escondeu nas roupas íntimas teriam conexão com emenda parlamentar no valor de R$ 19 milhões, destinada por ele ao Fundo Estadual de Saúde de Roraima.
Em sua defesa, Rodrigues anexou ao documento uma cópia de sua declaração de imposto de renda mais recente, na qual ele destaca uma linha com a cifra de R$ 158 mil classificada como "numerário em cofre particular".
Ele também apresentou aos senadores documentos da gestão estadual roraimense informando que os R$ 19 milhões relativos a sua emenda parlamentar ainda não foram utilizados.
"Tomo a iniciativa de, humilde e respeitosamente, prestar alguns esclarecimentos fundamentais neste momento, visto que as circunstâncias terríveis que assombraram a minha vida me impediram inclusive de poder sequer me defender das brutais e kafkanianas imputações feitas contra mim", escreve Rodrigues. O senador afirma ter recorrido a remédios psiquiátricos para "restaurar o mínimo de sanidade".
Aos colegas, ele pede desculpas por, nas suas palavras, não ter conseguido manter o "comportamento de equilíbrio mais adequado" ao ser abordado por agentes da Polícia Federal.
"Posso ter cometido atos que, vistos de fora do prisma daquele lugar, naquele momento, com o medo e a responsabilidade de ter de assegurar os recursos destinados ao pagamento dos funcionários de empresa de minha família, podem ser rotulados como ridículos ou lamentáveis", diz o senador.
Por fim, Rodrigues afirma que a dor e a vergonha do episódio que protagonizou serviriam para ele se aproximar mais de "sofrimentos alheios" e dos que "são açoitados por injustiças ainda mais implacáveis". "É para isso que pretendo dedicar os anos restantes de minha vida e de meu mandato", completa.
O caso de Chico Rodrigues não foi analisado pela Comissão de Ética do Senado desde o seu afastamento.