O primeiro dia de 2021 foi marcado pela posse de prefeitos e vereadores em todo o país. Nos discursos, a pandemia de covid-19 e os desafios econômicos provocados pela crise santinária foram os pontos em comum.
SÃO PAULO
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), tomou posse nesta sexta-feira (1º) para o segundo mandato, com um discurso que pôs o combate às desigualdades sociais como prioridade e direcionou críticas, sem citar nomes, ao negacionismo da ciência no enfrentamento da pandemia de covid-19.
"Sem falsa modéstia, creio que nosso projeto foi e será capaz de traduzir as vozes e o sentimento da população." Da tribuna da Câmara Municipal, onde também foram empossados os novos vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e vereadores, Covas abriu o pronunciamento com a leitura da tradução das primeiras frases do discurso de vitória da vice-presidente eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris. A mensagem de Kamala conclama à luta ativa em defesa da democracia, sem tomar sua sobrevivência como garantida.
Sem prometer que a medida será instituída, o tucano afirmou que a prefeitura vai estudar se há espaço orçamentário em 2021 para estender a concessão de uma renda básica emergencial a 1,2 milhão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Ele não falou em números, citando apenas um "valor mínimo" para eventuais beneficiários.
RIO DE JANEIRO
Eduardo Paes disse durante sua posse que nunca um prefeito recebeu do seu antecessor no Rio de Janeiro "uma herança tão perversa", e afirmou que a cidade enfrenta uma "emergência fiscal" que será enfrentada a partir desta sexta-feira (1), com a publicação de 45 decretos no Diário Oficial do Município. Ao todo, foram mais de 70 decretos.
— O legado deixado pela gestão que me antecedeu não é bom. Isso, sem abrir mão de que fatos concretos sejam apurados e o correto diagnóstico da situação que estamos encontrando seja informado de forma transparente à sociedade — disse Paes em seu discurso de posse, referindo-se a comissões de investigações criadas por decreto hoje para apurar ações suspeitas do ex-prefeito Marcelo Crivella, que cumpre no momento prisão domiciliar.
Ele afirmou, no entanto, que não vai ficar reclamando da "herança maldita", mas olhar para frente enquanto apura os fatos.
— Vamos recuperar o grau de investimento que tínhamos até 2016 — afirmou.
BELO HORIZONTE
O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), assumiu o cargo nesta sexta-feira (1º) para mais quatro anos de governo com dois desafios e uma decisão política a tomar antes mesmo do fim da primeira metade do mandato que se inicia. Os desafios são a adoção de medidas para reaquecer o comércio da cidade, afetado pela pandemia da covid-19, e a realização de obras para evitar mais mortes e nova destruição do município pelas chuvas, como ocorreu em janeiro de 2020.
Já a decisão política tem a ver com o futuro de Kalil na vida pública, com o prefeito tendo que definir se vai disputar o governo do Estado no ano que vem, deixando a prefeitura nas mãos do vice, Fuad Noman (PSD). O tempo para desincompatibilização é de seis meses antes do pleito. Seguidos os prazos eleitorais pré-pandemia, Kalil teria que deixar o cargo em abril de 2022.
posse do prefeito, vice e vereadores foi realizada na Câmara Municipal. Em curto discurso via internet, o prefeito justificou a ausência pela pandemia, por ser portador de comorbidades e ter 61 anos, e afirmou que Belo Horizonte continuará sendo plural.
"A cidade é LGBT, é dos cristãos, dos evangélicos, dos negros, dos imigrantes e assim continuará sendo." Kalil não falou sobre planos ou projetos, para a cidade ou próprios.
GOIÂNIA
O novo prefeito de Goiânia, Maguito Vilela (MDB), inicia seu mandato nesta sexta-feira (1º) ainda sedado em um leito de UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP). Ele está internado desde 27 de outubro para tratar graves complicações da covid-19. Na sessão solene da Câmara Municipal para a posse de vereadores e dos eleitos na disputa majoritária, está presente apenas o vice-prefeito, Rogério Cruz (Republicanos).
O boletim médico mais recente, divulgado ontem (31), no último dia de 2020, informava que Maguito segue em tratamento de hemodiálise, traqueostomizado, respirando com auxílio de ventilação, com níveis adequados de oxigenação. "Responde aos estímulos e apresenta longos períodos de despertar", completa o informe.