Considerada pivô da demissão de oito procuradores da Lava-Jato em São Paulo, no dia 2 de setembro, a procuradora Viviane Martinez assumirá sozinha os casos da operação a partir desta quarta-feira (30). Ela tem enfrentado dificuldade para montar uma nova força-tarefa, o que pode levar as investigações a serem redirecionadas para outras procuradorias.
Viviane foi acusada pelos procuradores demissionários de conduzir um "processo de desmonte" da Lava-Jato desde que assumiu o 5º Ofício, responsável pela operação, em março. Os procuradores disseram que ela vedou novas delações e pediu adiamento de uma operação que atingiria o senador José Serra (PSDB-SP).
Nesta quarta, os últimos quatro procuradores demissionários se desligam da força-tarefa. Viviane já solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) autorização para se dedicar exclusivamente a casos da Lava-Jato — antes ela dividia os trabalhos com outros processos.
Segundo levantamento feito por Viviane, a Lava-Jato concentra 255 processos. Nos bastidores do Ministério Público Federal (MPF), a atuação dela é vista como uma forma de arquivar ou redistribuir casos para outros órgãos da Procuradoria, esvaziando a Lava-Jato em São Paulo.
Segundo o MPF, as investigações da Lava-Jato continuam em andamento, e a nova força-tarefa fará uma "avaliação do acervo de investigações".
Os planos de Viviane incluem chamar no máximo dois colegas para formar uma nova força-tarefa. Procuradores que se candidataram para integrar o grupo em julho retiraram seus nomes, segundo o Estadão apurou, após a renúncia coletiva. O único nome cotado para integrar a Lava-Jato paulista é do procurador Paulo Henrique Cardozo, lotado em Oiapoque (AP). Um pedido de transferência foi enviado à PGR.
Por nota, Viviane afirmou que foi realizada uma "consulta nacional" entre procuradores, sem informar a data.