O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) vai depor na segunda-feira (20) ao Ministério Público Federal (MPF) na investigação que apura supostos vazamentos da Polícia Federal na Operação Furna da Onça. O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro vai depor na condição de testemunha a um procurador da República que vai ao seu encontro em Brasília.
Em nota divulgada no sábado (18), a assessoria do parlamentar informou que o senador marcou a data do depoimento "para que a verdade seja restaurada o mais rápido possível". Ele foi intimado em 19 de junho e tinha 30 dias para marcar a data do depoimento.
A investigação do MPF faz parte do procedimento aberto para apurar declarações feitas pelo ex-aliado do governo, o empresário e pré-candidato à prefeitura do Rio Paulo Marinho (PSDB) de que Flávio foi previamente avisado sobre a operação que trouxe à tona as movimentações atípicas nas contas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
O ex-funcionário de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio foi citado em um relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), o que arrastou o então deputado estadual para o centro de uma investigação criminal sobre suposto esquema de desvio de salários em seu gabinete, a chamada rachadinha.
Marinho afirma que, segundo relato do próprio Flávio, um delegado da Polícia Federal avisou das investigações pouco após o primeiro turno das eleições daquele ano e informou que membros da Superintendência da PF no Rio adiariam a operação para não prejudicar a disputa de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018.
Na ocasião, Flávio disse que a acusação era uma "invenção" e que o empresário teria interesse de prejudicá-lo, uma vez que é seu suplente no Senado.
No sábado, o juiz federal Paulo Espírito Santo, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), suspendeu a investigação criminal contra um ex-assessor de Flávio neste caso. A decisão liminar beneficia o advogado Victor Granado Alves. O mérito do pedido ainda será julgado pela Primeira Turma Especializada do tribunal.
Alves foi convocado pela Procuradoria a depor, mas não compareceu. Após a recusa, o MPF converteu sua condição de testemunha na de investigado. No habeas corpus, o desembargador argumentou que o sigilo profissional dos advogados é inviolável, conforme o artigo 133 da Constituição, o estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil e o artigo 154 do Código Penal.
Segundo o entendimento do magistrado, Alves foi chamado para o encontro com o delegado da PF na condição de advogado de Flávio Bolsonaro, com quem tinha uma relação de confiança.