O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello vai examinar, na segunda-feira (18), o vídeo da reunião ministerial que faz parte do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir irregularmente na Polícia Federal (PF). O ex-ministro Sergio Moro afirma que Bolsonaro o ameaçou de demissão nessa reunião caso não ocorresse troca na PF.
Conforme o STF, o decano da Corte precisa ter acesso ao conteúdo do vídeo para avaliar os argumentos apresentados pela Advocacia-Geral da União, pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelos advogados de Moro. Mello intimou as partes sobre a divulgação parcial ou total do vídeo. O governo e a PGR defendem a retirada de sigilo de partes da gravação. Moro pede a divulgação na íntegra.
O ministro do STF já tem uma visão geral do teor da reunião, repassada pelo juiz federal auxiliar Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho. Após assistir ao vídeo, Mello deve decidir como será a divulgação.
O inquérito
O inquérito, aberto a pedido da PGR, também busca informações de possíveis interesses de Bolsonaro em investigações da PF. Se Bolsonaro for denunciado, a Câmara aprovar o prosseguimento e o STF aceitar a abertura de ação penal, ele é afastado do cargo automaticamente por 180 dias.
Os crimes investigados são falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, prevaricação, denunciação caluniosa e crime contra a honra. De acordo com interlocutores do PGR, Moro pode ser enquadrado nos três últimos, e Bolsonaro, nos seis primeiros.