
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, defendeu nesta sexta-feira (1º) a federalização das investigações envolvendo o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, de modo que o caso fosse assumido pela Polícia Federal.
— Considerando a demora de identificação dos mandantes e essas reiteradas tentativas de obstrução da Justiça, talvez seja o caso realmente de federalização — declarou.
Reportagem do Jornal Nacional de terça-feira (29) apontou que um porteiro (cujo nome não foi revelado) disse à Polícia Civil que, no dia do assassinato da vereadora, Élcio Queiroz, ex-policial militar suspeito de envolvimento no crime, afirmou na portaria do condomínio que iria à casa do presidente Jair Bolsonaro, na época deputado federal.
A versão foi refutada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que afirmou que a versão apresentada no depoimento não corresponde aos fatos apurados durante a investigação. Nesta quinta (31), a Folha de S.Paulo mostrou que há problemas na perícia encomendada pela Promotoria.
Moro também afirmou que o governo tem assegurado a autonomia dos órgãos que apuram os fatos. Para o ministro, há "desconhecimento" do trabalho da pasta por parte de quem sugere que ele deveria ser chamado a depor no Congresso para apurar possível interferência no caso.
— O Ministério da Justiça não trabalha nessas investigações — disse.
O ministro respondeu a questionamentos envolvendo a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que disse, nesta quinta, que poderia haver uma reedição do AI-5 caso a "esquerda se radicalizasse".
— Isso foi ontem (quinta), o deputado já pediu desculpas, assunto encerrado — declarou.
Ainda na quinta, após ser desautorizado por seu pai, Eduardo voltou atrás e afirmou que "não existe qualquer possibilidade de retorno do AI-5". Ele se desculpou em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band.
Com a presença do procurador Deltan Dallagnol e outras autoridades, Moro participou da inauguração de uma delegacia modelo, dedicada a investigação e análise financeira para combate à corrupção, no prédio da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba.
No local, desde abril de 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre pena por condenação na Lava-Jato. O PT considerou a participação de ambos no evento como uma provocação.
Na vigília pelo ex-presidente, montada em frente ao prédio, integrantes do movimento estenderam uma faixa com os dizeres: "Dallagnol, vergonha do MPF". Nenhum dos dois respondeu aos manifestantes.
O número de perguntas da imprensa foi limitado, e Moro pediu que os jornalistas focassem questionamentos envolvendo a inauguração da delegacia.