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O julgamento da apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do sítio de Atibaia começou com o embate entre defesa e acusação. Logo após o relator do caso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), desembargador João Pedro Gebran Neto ler um resumo do processo, falaram o representante do Ministério Público Federal, o procurador regional Maurício Gotardo Gerum, e o advogado de Lula, Cristiano Zanin.
Em sua sustentação oral, Gerum começou lembrando o fim do segundo mandato de Lula, em 2010, quando o petista passou a frequentar com mais assiduidade o sítio. Citando trechos do interrogatório do ex-presidente, disse que Lula não pagou pelas reformas, tampouco se interessou em saber quem custeava as benfeitorias. Ao cabo, pediu aumento de pena do ex-presidente.
— A verdade é que mais uma vez restou plenamente comprovado de que o ex-presidente Lula se corrompeu. E isso é muito grave. Essa condenação provoca uma chaga profunda à democracia. Lula poderia passar para a história como o maior estadista do século, mas permitiu os maiores desmandos da coisa pública e optou por compactuar e participar de um esquema de dilapidação dos cofres públicos — afirmou Gerum, finalizando sua manifestação com uma citação à obra do escritor alemão Wolfang Goethe em que o personagem Fausto vende a alma ao diabo.
Falando logo em seguida, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, reclamou das críticas do procurador à atuação da defesa e do escasso tempo para se manifestar. Na sequência, enumerou o que considera supostas ilegalidades contidas no processo, entre elas a eventual suspeição do ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro, e um plágio que teria sido cometido pela juíza que assinou a sentença, Gabriela Hardt, à época à frente da 13a Vara Federal de Curitiba. Zanin também recorreu ao vazamento das mensagens de integrantes da Lava-Jato, reveladas pelo site The Intercept Brasil.
— A douta juíza copiou, segundo laudo pericial, aproveitou sem qualquer referência, sem indicação de fonte, a sentença do juiz Sergio Moro. Isso é inadmissível. Nesse contexto, a Vaza-Jato reforça que o apelante (Lula) não teve direito a um julgamento justo, imparcial e independente. Não posso deixar de fazer apelo para que não deixe de considerar esse material já divulgado. O que ele mostra? Um processo viciado, em que o juiz coordenou as ações da acusação — afirmou Zanin, para encerrar sustentando que o cliente "não recebeu qualquer vantagem indevida".
Outros três advogados de outros apelantes ainda fazem sustentações orais pela manhã. Os votos dos três desembargadores da 8ª Turma, porém, só serão lidos à tarde, após uma pausa para o almoço.