O clima durante o ato em apoio ao Luiz Inácio Lula da Silva neste sábado (9) foi bem diferente de 7 de abril de 2018, quando o ex-presidente se entregou à Polícia Federal (PF) para execução provisória da pena de 12 anos e um mês de prisão. A Rua João Basso, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no centro de São Bernardo do Campo, ficou tomada pelos militantes. Muitos deles vindos em caravanas de outros Estados.
Desta vez, o choro era de felicidade em razão do repetido bordão "Lula Livre", que acabou se concretizando com a mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre presunção de inocência. Enquanto Lula falava, foguetes eram estourados, por vezes, interrompendo o discurso do petista.
O rosto fechado dos apoiadores no dia da prisão foi trocado pelo sorriso. Os abraços de lamento também foram substituídos pelos de alegria pelos lulistas, por terem o seu líder fora da prisão. Alguns chegaram ao local antes das 7h, oito horas antes de Lula começar a falar. GaúchaZH presenciou pelo menos 10 pessoas passando mal.
– Não pode um país ser movido por uma política de ódio – disparou o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) antes do discurso de Lula.
Idosos, crianças e pessoas com deficiência se misturaram ao grande público que se acotovelou para chegar próximo ao caminhão de som. Ademir Martins Castilhos, 65 anos, pouco ouviu o discurso de Lula. Mas, para ele, isso pouco importou.
– Estamos muito felizes. E agora é a hora certa de voltar para mudar esse país – disse o metalúrgico aposentado.
O jornalista Palmério Dória, 70 anos, estava um pouco afastado do grande público. Em uma cadeira de rodas e com dificuldades para se locomover no estacionamento quase lotado do sindicato, disse que não poderia deixar de estar presente.
– Eu estive quando ele foi preso. Então achei que era o momento de estar de novo. São coisas que transcendem a cadeira de rodas – ressaltou o paraense que atualmente mora em São Paulo.
José Aparecido Lúcio Lopes, 58 anos, levou o filho pequeno ao ato. O mecânico disse que precisava mostrar para ele a pessoa que considera ser um exemplo para o país:
– Essa luta não acaba nunca. Ele (Lula) é um símbolo do que a gente precisava para levantar esse país.
Também cadeirante, o servidor público aposentado da Justiça de São Paulo Luiz Carlos Patrício, 54 anos, disse que não mediu esforços para estar presente no ato em apoio a Lula.
– É como culpar o pastor por um crime de um fiel. Ele não fez nada. Se os outros erraram, não é porque ele é o líder do PT que tem de ser punido – afirmou Patrício.
Logo depois do discurso de Lula, o ex-presidente e os demais políticos e sindicalistas presentes desceram do caminhão de som e foram até uma das salas usadas como QG do petista no sindicato. Foi o mesmo recinto usado por dois dias antes de Lula se entregar à PF no ano passado.