
Entrevistado no programa Roda Viva na noite desta segunda-feira (7), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes voltou a criticar a Lava-Jato e disse que a operação tem "melhores publicitários do que juristas".
O ministro afirmou ainda que, desde o início, a força-tarefa se aproveitou do discurso de "combate à corrupção" na mídia para constranger a Suprema Corte. A afirmação foi feita após ser questionado sobre o futuro da Lava-Jato e os julgamentos no STF que podem anular condenações.
Ele discorreu ainda sobre os supostos diálogos que teriam ocorrido entre autoridades ligadas à operação, como o ex-juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa no Ministério Público Federal (MPF).
— Hoje tenho muito mais dúvidas do que certezas (sobre a operação) e lamento muito esse tipo de manipulação. Por exemplo, essa ideia de eu vazo isso, mas não vazo aquilo (se referindo aos áudios obtidos pela Polícia Federal de conversas entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff). — Essa prática toda sugere uma partidarização.
Perguntado se o fato de ele mesmo ter participado de jantares com possíveis investigados — como o ex-presidente Michel Temer — não poderia também ser irregular, Gilmar se defendeu:
— Converso com todas as lideranças, acreditem vocês ou não. Ali (nas supostas conversas entre Moro e Deltan), era conversa sobre como ia operar um processo.
Gilmar também falou sobre prisão após condenação em segunda instância e a situação de presos não julgados:
— Se eu fosse dar um conselho a alguém no Congresso ou na presidência da República, eu diria que nós temos que reformular a justiça criminal. Tem que ser muito mais célere do que é. Para ser ruim, tem que melhorar muito.
Revelações de Janot
Sobre a revelação do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que afirmou ter cogitado matá-lo, Gilmar disse que apenas pode “recomendar (ao Janot) um tratamento psiquiátrico".
— Senti uma pena enorme das instituições brasileiras. Quando a gente imaginou que a Procuradoria estaria nas mãos de alguém que pensava ser um faroeste, isso choca. Me dá pena como degradamos as instituições. Em relação à pessoa, só posso recomendar um tratamento psiquiátrico — disse.