O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) diz que se a esquerda brasileira "radicalizar", uma resposta pode ser "via um novo AI-5". A afirmação foi feita em entrevista à jornalista Leda Nagle, realizada na segunda (28) e publicada nesta quinta (31), no canal dela no YouTube.
– Tudo é culpa do Bolsonaro, percebeu? Fogo na Amazônia, que sempre ocorre nessa estação, culpa do Bolsonaro. Óleo no Nordeste, culpa do Bolsonaro. Daqui a pouco, vai passar esse óleo, tudo vai ficar limpo e aí vai vir uma outra coisa, qualquer coisa, e será culpa do Bolsonaro – seguiu.
— Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada — afirmou o parlamentar, filho do presidente Jair Bolsonaro.
— O que faz um país forte não é um Estado forte. São indivíduos fortes. A conjectura não tem que ser futura, ela tem que ser presente. Quem é o presidente dos Estados Unidos agora? É o Trump. Ele se dá bem com o Bolsonaro? Se dá muito bem. Então vamos aproveitar isso aí –continuou.
A fala de Eduardo gerou duras críticas de diversos políticos. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, classificou a declaração como "repugnante". Mesmo com a repercussão negativa, o filho do presidente da República insistiu em referências à ditadura militar com uma publicação em rede social.
"Se você está do lado da verdade, NÃO TENHAIS MEDO!", escreveu Eduardo em sua conta no Facebook. A mensagem foi acompanhada de um vídeo no qual o então deputado Jair Bolsonaro exalta o primeiro militar reconhecido pela Justiça brasileira como torturador, o coronel Carlso Alberto Brilhante Ustra.
Eduardo Bolsonaro voltou ao tema mesmo depois de o presidente, Jair Bolsonaro, ter desautorizado a sua fala. Entre as suas declarações, ele afirmou que a esquerda "trouxe pânico ao Brasil" no final dos anos 60. Ele também citou sequestros de embaixadores, que aconteceram depois do AI-5, e o nome do ex-presidente Lula, que ganhou notoriedade só no final dos anos 1970, com as greves de metalúrgicos do ABC.
O que foi o AI-5
O Ato Institucional Número 5, conhecido como AI-5, entrou para a história como o "golpe dentro do golpe". Ele foi editado em 13 de dezembro de 1968, abrindo um período de recrudescimento da censura à imprensa e aos artistas, das perseguições e prisões políticas, das torturas e assassinatos de opositores do regime militar, além da cassação de mandatos, fechamento temporário do Congresso e da intervenção em Estados e municípios em nome da "segurança nacional". Este foi o decreto mais duro de todos os atos institucionais empregados pela ditadura.