O presidente Jair Bolsonaro indicou na noite deste sábado (8) que vai esperar a eleição da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para indicar o próximo chefe do Ministério Público Federal (MPF).
— Estou aguardando a lista tríplice — afirmou o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada rumo à Granja do Torto, onde passará a noite.
Questionado se a atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, é um bom nome, Bolsonaro se limitou a falar que "todos são bons nomes". O mandato de Dodge na Procuradoria-Geral da República (PGR) termina em setembro.
A declaração de Bolsonaro deste sábado vai na contramão das sinalizações de que não pretendia seguir a lista tríplice da ANPR.
O presidente fez a afirmação ao parar o carro para cumprimentar apoiadores que o esperavam do lado de fora da residência oficial, como tem feito com frequência nas últimas semanas.
— Estou à disposição, tanto da minha instituição quanto do país, para uma eventual recondução. Não sei se isso vai acontecer — disse a procuradora-geral em São Paulo.
Dodge afirmou que a consideração da lista tríplice enviada pela ANPR ao presidente é uma prerrogativa do chefe do Executivo.
— É uma decisão do presidente, definida na Constituição.
A procuradora-geral foi indicada para o cargo pelo então presidente Michel Temer, em 2017. Ela ficou em segundo lugar pelo voto dos pares naquela ocasião.
A lista tríplice foi criada em 2001 e é defendida pelos procuradores como um dos principais instrumentos de autonomia da carreira. De acordo com a Constituição, o presidente da República pode escolher qualquer um dos procuradores em atividade para o comando da PGR.
De 2003 a 2015, o nomeado foi o mais votado pelos membros da ANPR. Ao optar por Dodge, Temer quebrou a tradição iniciada por Luiz Inácio Lula da Silva de respeitar a ordem da lista e indicar o primeiro colocado.
Dez procuradores se apresentaram à sucessão na PGR neste ano. Até o dia 17 de junho, os candidatos seguem em campanha. A eleição ocorrerá em todas as unidades do Ministério Público Federal do país, por meio eletrônico, no dia 18 de junho. Podem votar os cerca de 1.150 membros ativos do MPF.